Ana Elias de Freitas, in Rádio Voz da Planície
Estudo da Comissão Europeia analisou os efeitos das medidas de austeridade em seis países, entre eles, Portugal. No que diz respeito ao nosso País concluiu que “são os mais pobres que estão a fazer mais sacrifícios para pagar a crise”.
A Comissão Europeia diz que “em Portugal o esforço dos mais desfavorecidos é muito superior ao dos ricos”. Este é o resultado do estudo que a Comissão Europeia realizou, que foi publicado no "Correio da Manhã", e que teve como objectivo analisar os efeitos das medidas de austeridade por seis países em dificuldades: Portugal, Grécia, Espanha, Irlanda, Estónia e Reino Unido.
Os resultados revelaram, segundo aquele matutino, que “as medidas de austeridade tomadas pelo Governo português, para além de estarem distribuídas de forma desigual entre ricos e pobres, fizeram subir o risco de pobreza, particularmente entre idosos e jovens”.
O relatório de Bruxelas diz ainda, que “Portugal é o único País com uma distribuição claramente regressiva”, especificando que “os pobres estão a pagar mais do que os ricos quando se aplica a austeridade”.
Os dados mostram, igualmente, que “Portugal é o único País, dos seis analisados, “em que a percentagem do corte nos rendimentos, é maior nos dois escalões mais pobres da sociedade do que nos restantes. Dos 3 por cento do rendimento disponível, que as medidas de austeridade vieram retirar aos portugueses, a fatia de leão é suportada pelos reformados e pensionistas, seguindo-se o aumento dos impostos, que é suportado, essencialmente pela classe média, e os cortes nos salários dos funcionários públicos respondem pelo resto”.
Os resultados deste estudo realizado pela Comissão Europeia indicam ainda, que “a classe média, em Portugal, está sob pressão” e que “o risco de pobreza”, no nosso País, “passou de 18,5 por cento para 20,5 por cento da população”.
Em números, os dados dizem que “em Portugal as medidas de austeridade não são mais suaves para os reformados acima dos 65 anos. A excepção vai para os reformados ricos”.
“A perda de rendimentos dos 20 por cento mais pobres de Portugal é, em média, de 6 por cento. Nos 20 por cento mais ricos é de apenas 3 por cento”.
“Os cortes e congelamentos nas pensões implicam a redução de um ponto percentual no rendimento disponível dos portugueses mais ricos. Nos pobres é de 6 por cento”.
“O risco de pobreza devido às medidas de austeridade aplicadas pelo Governo aumenta 3,2 por cento nos portugueses com menos de 17 anos. Nos idosos dispara para os 2,8 por cento”.
Em Portugal constata-se que “os reformados são dos mais pobres, na medida em que um milhão de idosos recebe uma pensão mínima, no valor de 295 euros, abaixo do limiar da pobreza que ronda os 360 euros mensais”. Que os portugueses têm de suportar em 2012, “os aumentos na saúde, energia e habitação”. Que já “são 330 mil as pessoas a pedirem ajuda para comer ao Banco Alimentar Contra a Fome” e que “os mais ricos não se mostraram receptivos ao apelo lançado pelo multimilionário Warren Buffett para que contribuíssem mais para combater a crise”.
Comparando com outros países, igualmente em dificuldades, por exemplo com a Grécia, verifica-se que “a equidade nos sacrifícios é maior”. Se as comparações visarem o Reino Unido constata-se que “as medidas de austeridade apenas retiraram, em média, 2 por cento do rendimento disponível às famílias".