6.1.12

Sobreendividamento disparou em 2011

in RR

Famílias que pediram ajuda à Deco, em 2011, tinham, em média, cinco créditos. Muitos casos eram demasiado complicados para poderem ser resolvidos a bem.

O número de famílias sobreendividadas disparou em 2011, revela o relatório anual da Deco, a que a Renascença teve acesso. Foram mais de 23 mil os pedidos de ajuda recebidos pela Defesa do Consumidor, contra 14.500 no ano anterior.

Na maioria dos casos, as situações já eram tão complicadas que a própria Deco não encontrou maneira de ajudar.

“Tem a ver com o facto de as famílias, quando nos pedem ajuda, o fazerem numa fase muito tardia, muitas vezes já confrontadas com processos em tribunal, até com penhoras de vencimentos e de outros bens, e a nossa intervenção é extra-judicial. O que pretendemos é, precisamente, evitar que as situações cheguem a tribunal", refere à Renascença Natália Nunes, do Gabinete de Apoio ao Sobreendividado.

Mas há outras situações em que a Deco não pode intervir, "porque não apresentam qualquer viabilidade de reestruturar, reequilibrar o orçamento".

"A maior parte são casos de insolvência, porque os encargos que foram assumidos por estas famílias foram tão elevados, face aos rendimentos, que têm que não há forma de reequilibrar esse orçamento”, diz.

Natália Nunes aponta o desemprego e a consequente diminuição dos rendimentos como principal motivo para as situações de sobreendividamento, mas lembra que falta gestão financeira.

“Verificámos que, durante 2011, em média, as famílias que nos pediram ajuda tinham cinco créditos: um crédito habitação, um crédito automóvel e depois vários créditos pessoais. E alguns destes créditos já tinham sido contraídos depois de a família ter sido confrontada com dificuldades”, afirma.

Natália Nunes diz ainda que a maior parte das famílias que pedem ajuda tem bons níveis de escolaridade e rendimentos razoáveis.

“Falamos de famílias compostas por três elementos, cujas idades estão compreendidas entre os 35 e os 45 anos. Existe, em regra, um menor a cargo. Em termos de escolaridade, têm em regra o ensino secundário, muitas delas já o ensino superior. Têm rendimentos mensais superiores aos 1500 euros”, indica.

Lisboa, Porto e Algarve são as zonas do país com maior número de famílias sobreendividadas, de acordo com o relatório da Deco.