in SIC
Há milhares de crianças sem vaga nas creches. O problema é um quebra-cabeças para os pais que já equacionam despedir-se para poderem ficar com os filhos em casa.
O programa «Creche Feliz», lançado pelo Governo, já vai no segundo ano e tem como objetivo assegurar creches gratuitas a crianças nascidas a partir de setembro de 2021, além de todas as crianças de famílias que estão no 1.º e 2.º escalões de rendimentos.
Como era de esperar, o facto de ser gratuito, fez disparar o número de inscrições. As associações de pais e educadores de infâncias dizem, no entanto, que a oferta existente chega apenas para metade dos bebés.
"A pressão que se criou, a partir do momento em que sai a medida "Creche Feliz", é enorme, enorme. Aquilo que nós, neste momento, devíamos estar a alocar recursos é à expansão da rede e não a torná-la gratuita", defende Luís Ribeiro, da Associação de Profissionais de Educação de Infância.
Na falta de opções, dezenas de pais pedem ajuda a associações. Em casos extremos, os pais equacionam despedir-se para poderem ficar com os filhos em casa.
“Ainda ontem recebi um pedido de ajuda de uma família, cuja criança tem 2 anos e, portanto, estão a aguardar ainda vaga. E, por isso, os progenitores (neste caso a mãe) tem de abdicar de trabalhos e da sua profissão para conseguir ficar com a sua filha em casa”, conta à SIC Mariana Carvalho, da Confederação Nacional das Associações de Pais.
No total, são mais de 125 mil as crianças sem acesso à creche, em Portugal. Aos pais que não conseguem matricular os filhos na escola, o primeiro-ministro assegura que está a fazer de tudo para resolver a situação.
“Nós temos vindo a aumentar, passo a passo, em parceira com o setor social e solidário; a capacidade de aumentar o número de crianças com creche gratuita. Se o setor solidário foi respondendo, se o privado for respondendo, se as autarquias poderem responder e o estado, vamos aumentar essa capacidade”, assegura António Costa.
Governo diz ter criado 9.000 novas vagas em dois meses
O Governo afirma ter criado 9.000 novas vagas gratuitas em creches nos últimos dois meses, graças à portaria para aumento da capacidade de resposta, havendo atualmente, no global, 85 mil vagas, segundo a ministra do Trabalho.
No dia em que completa um ano de arranque da medida Creche Feliz, a rede de creches gratuitas, o primeiro-ministro, António Costa, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, e a secretária de Estado da Inclusão, Ana Sofia Antunes, visitaram a creche do Centro Infantil António Marques da União Mutualista Nossa Senhora da Conceição, no Montijo, e fizeram um balanço da gratuitidade das creches.
De acordo com a ministra Ana Mendes Godinho, nos últimos dois meses, e graças à entrada em vigor da portaria de 5 de julho que permitiu aumentar o número máximo de crianças por sala e reconverter espaços previamente dedicados à infância, foram criadas mais 9.000 vagas.
"Rasgámos a tradicional burocracia de complexidade de autorizações para que isso acontecesse, transformando-a numa autorização automática, desde que mantidas as condições de requisitos de qualidade de serviços às crianças, e com esta portaria conseguimos em dois meses 9.000 novas vagas graças a uma portaria de simplificação ao serviço das pessoas", apontou a ministra do Trabalho.