27.2.08

Combate à exclusão social passa por aposta no ensino

in Sol

O primeiro-ministro, José Sócrates, elogiou hoje o esforço dos professores na melhoria do sistema educativo e defendeu um maior envolvimento dos pais e das autarquias nas escolas


Num discurso dedicado ao balanço dos três anos de governação, o enfoque foi para a Educação, com José Sócrates a considerá-la uma «matéria estratégica» e fundamental para que Portugal possa ter sucesso no seu desenvolvimento.

José Sócrates, que falava no encerramento das jornadas parlamentares do PS, que decorerram na Guarda, aproveitou para deixar alguns elogios aos professores, nomeadamente a «vitória» dos docentes em levar mais alunos para o ensino básico e secundário.

«Pela primeira vez nos últimos dez anos, temos mais alunos no ensino básico e secundário», assinalou, atribuindo essa alteração à aposta do Governo nos cursos profissionais.

Mas, acrescentou, «esta foi talvez a maior vitória da escola pública e dos professores que conseguiram atrair pessoas para as escolas»

«Apesar da controvérsia, estes são os números e devem-se ao esforço dos professores e da escola pública», sublinhou.

Além disso, continuou o primeiro-ministro, nos últimos anos registou-se uma redução do insucesso escolar, também devido ao esforço dos professores e das escolas.

«Tenho orgulho na escola pública, é absolutamente essencial», insistiu.

Ainda a propósito da Educação, o primeiro-ministro destacou outras alterações que estão a ser desenvolvidas, nomeadamente ao nível da avaliação e da gestão das escolas, defendendo um maior envolvimento de pais e autarquias.


«Na gestão da escolas, queremos mudar para que as autarquias e os pais tenham um papel na escola. Queremos abrir a escola», afirmou, considerando que os próprios professores precisam desse maior envolvimento dos pais e dos responsáveis políticos locais.

Além disso, o novo modelo de gestão visa também «reforçar a liderança», para que quem dirige as escolas tenha «poder, mas também responsabilidade e responda pelos resultados».

José Sócrates também não fugiu à questão da avaliação dos professores, sistema que tem sido alvo de criticas por parte da oposição, defendendo a necessidade de «distinguir os melhores e incentivar todos a dar o seu melhor».

«Não há método mais injusto que não haver avaliação (…), queremos que o sistema de avaliação seja um instrumento de melhoria da escola e dos professores», referiu, recordando que estão a ser implementados sistemas de avaliação em toda a administração pública.

«Temos de conseguir sistemas públicos que produzam resultados e, é isso, que queremos com a avaliação dos professores», sublinhou.

Depois dos alertas deixados pelo vice-presidente da bancada do PS Manuel Maria Carrilho no primeiro dia das jornadas parlamentares socialista sobre a aplicação do programa «Novas Oportunidades», por considerar que existem situações onde o rigor e exigência está a falhar, José Sócrates não poupou elogios ao programa, considerando que o país ficou melhor depois do seu lançamento.

«O Estado está a dar uma segunda oportunidade aqueles que saíram cedo demais da escola», referiu, lembrando que 360 mil portugueses já se inscreveram no programa para melhorar as suas qualificações, tirando o 9º ou o 12º ano.

«É preciso deixar uma palavra de estímulo pelo elogio e pelo esforço», salientou.

Num discurso de cerca de 45 minutos, o primeiro-ministro e secretário-geral socialista reviu ainda algumas das medidas desenvolvidas pelo Governo ao longo dos últimos três anos para «ampliar os direitos sociais», entre as quais a lei da paridade, a criação do complemento solidário para idosos ou a despenalização da interrupção voluntária da gravidez.

«Tenho orgulho no que fizemos nestes três anos», disse, apontando como seu objectivo que esta legislatura seja vista como «a legislatura progressista».

«Será uma legislatura que honrará a tradição progressista do PS», prometeu.

Ainda antes da intervenção de José Sócrates, o líder parlamentar do PS, Alberto Martins, leu uma curta mensagem enviada pelo deputado Manuel Alegre, que esteve ausente nas jornadas parlamentares socialistas por motivos de saúde.

Na mensagem, Manuel Alegre recorda três diplomas - a lei da paridade, a despenalização da interrupção voluntária da gravidez e a procriação medicamente assistida - como importantes contributos deixados pelo executivo socialista.

Manuel Alegre deixa ainda a sua ideia do que considera que deve ser o papel do grupo parlamentar: «apoiar o que deve ser apoiado, criticar o que deve ser criticado, corrigir o que deve ser corrigido».

Lusa/SOL