in Jornal Público
Exclusão social de imigrantes, falta de acompanhamento dos idosos e de apoio familiar das crianças na origem do problema
O presidente da Rede Europeia Antipobreza em Portugal, Agostinho Jardim Moreira, classificou ontem o envelhecimento da população,os sem-abrigo e as crianças de rua como "três problemas sérios" de Lisboa.
À margem do seminário do Observatório de Luta contra a Pobreza em Lisboa, Agostinho Jardim Moreira disse que, no que respeita ao envelhecimento da população, o que se encontra são "armazéns de recolha de pessoas" e que estas precisam "muito mais de ser amadas e acarinhadas". No que respeita aos sem-abrigo, a mesma fonte escusou-se a quantificá-los devido à inexistência de números objectivos, mas admitiu que podem ser "centenas".
Já sobre as crianças de rua, defendeu que, além da necessidade de respostas para abolir o fenómeno, é "tão ou mais importante" conseguir saber quais as causas, alegando que, se existem crianças de rua, "é porque existem famílias que não têm capacidade para as educar". Os imigrantes são, segundo Jardim Moreira, outro dos problemas de Lisboa, porque quer venham de PALOP, do Leste ou outros, são seres humanos "com culturas e hábitos próprios, com dificuldades de integração e que, por isso mesmo, podem ser alvo de fenómenos de exclusão social".
Um relatório do observatório divulgado ontem aponta as freguesias de Marvila e do Castelo como as "mais vulneráveis" a fenómenos de pobreza. Agostinho Jardim Moreira sublinhou que, pelos dados existentes, "não se pode dizer que estas freguesias sejam as mais pobres de Lisboa", mas apenas que são as que apresentam "mais vulnerabilidade" face aos dados objectivos existentes.
O presidente da Junta de Marvila, Belarmino Silva, lamenta não ter recursos humanos e financeiros para combater a pobreza e acusa os serviços centrais e a câmara de "ficarem sentados e fechados nos gabinetes". O autarca revela que "cerca de 30 por cento da população da freguesia é realmente pobre" e critica o Ministério da Segurança Social e a Câmara de Lisboa "de não irem ao terreno para perceberem como as coisas funcionam". Lusa