Isabel Teixeira da Mota, in Jornal de Notícias
Novas Fronteiras marcaram os três anos de Sócrates no Governo
Contrariando as vozes de temor pelo desinvestimento no sistema nacional de saúde e de pensões, o líder do PS fez ontem a jura de que não pretende desmantelar o Estado social. "Não queremos um Estado social mínimo, queremos um Estado social mais forte", disse o primeiro-ministro no discurso de abertura do Fórum Novas Fronteiras, que decorreu no Centro de Congressos de Lisboa.
A iniciativa socialista, aberta a independentes, contou com um balanço dos três anos de governação da maioria PS, com destaque de "15 marcas da modernidade do país". E entre elas, o líder socialista quis salientar precisamente as medidas sociais.
"Dizem alguns, repetindo slogans antigos, que aumentaram as desigualdades. Pois eu quero contestar com factos simples, objectivos e verificáveis. O risco de pobreza diminuiu, o rendimento disponível aumentou, baixou o insucesso escolar, baixou o abandono escolar, o salário mínimo teve o maior aumento da década. Tudo isto são factos e factos incontestáveis", disse Sócrates.
Mas o líder socialista não se ficou nas medidas sociais. Foi mais longe nos elogios ao seu próprio Governo, destacando a governabilidade e estabilidade do Executivo que formou há três anos. "Acredito na importância crucial do bom Governo. Governar bem é governar com competência e com rigor", disse, contrapondo o comportamento do Governo ao do maior partido da Oposição que caracterizou como sendo de "descrédito e desorientação".
"Não sabe honrar os compromissos que livremente assumiu, os acordos que livremente celebrou e demonstra uma falta de sentido das responsabilidades, não hesita faltar à palavra dada", acusou, referindo-se à ruptura por parte do PSD dos mais recentes acordos em torno do novo mapa judiciário e da lei eleitoral autárquica (ler texto em baixo).
Sem referir qualquer falha governativa, Sócrates sublinhou ainda a "fronteira" que vê entre os anos anteriores a 2005 e os posteriores. "Estes anos que vivemos marcam uma fronteira entre o antes e o depois". Em vários domínios, o líder dos socialistas foi apresentando a evolução "antes os idosos com rendimentos abaixo do limiar da pobreza estavam entregues à sua sorte. Depois esses mesmos idosos estão a beneficiar já de uma prestação que os retira da pobreza".
O psicólogo Júlio Machado Vaz, o neurocirurgião João Lobo Antunes, António Vitorino, Joaquim Gomes Canotilho foram alguns dos oradores do encontro de ontem. O constitucionalista de Coimbra apresentou as 15 marcas da modernidade socialista concluindo pela "bondade intrínseca" das medidas tomadas nos últimos três anos.