Alexandra Figueira, in Jornal de Notícias
O Porto liderou a lista dos distritos com maior número de fechos de empresas e, atendendo à quantidade de firmas que aí estão instaladas, foi também o que mais sofreu com os encerramentos, no ano passado. Os três primeiros lugares ficam completos com Aveiro e Viseu, revela o Instituto Informador Comercial, cujos dados de 2007 indicam que pouco mais de duas mil empresas abriram falência ou foram declaradas insolventes, ou seja, fecharam as portas. O avolumar de encerramentos é uma das razões do aumento do desemprego em 2007, ano em que o Norte voltou a ser a região com maior taxa de desemprego.
Foi no Porto que fechou o maior número de empresas 608, mais 100 face ao ano anterior. Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), existiam no final do ano passado, no distrito, quase 73 mil empresas. Ou seja, os fechos atingiram 0,85% do seu tecido empresarial. Os lugares seguintes foram tomados por Aveiro - onde fecharam 193 empresas, correspondente a 0,73% do tecido empresarial - e Viseu, cujos 65 fechos representam 0,62% do número total de firmas.
Só a título de comparação, em Lisboa, um mercado muito mais dinâmico, foram registadas 358 falências (usando a terminologias do código anterior) ou insolvências (a designação dada desde 2004). E, em todo o país, o número de encerramentos só diminuiu em sete zonas Braga, Vila Real, Guarda, Évora, Faro e Açores.
Comércio e construção
O comércio e a construção civil foram os mais atingidos e José António Silva, presidente da Confederação do Comércio de Portugal (CCP), garantiu que o número de falências e insolvências judiciais é só a ponta do iceberg. "Terão fechado 20 mil empresas, mas só uma pequena parte vai para tribunal", disse. É que muitas empresas encerram sem dívidas, e outras (sobretudo as mais pequenas) até podem deixar dívidas, mas tão pequenas que os credores preferem suportar o prejuízo a recorrer a tribunal, assegurou.
Quanto ao comércio por grosso (com 370 fechos) e a retalho (260), adiantou que "não é surpresa para ninguém". Por um lado, explicou, "em todos os ramos do comércio há cadeias de distribuição moderna, com as quais as lojas tradicionais não conseguem concorrer"; e, por outro, "a tendência normal de modernização do comércio faz com que intermediários como os grossistas vão desaparecendo".
José António Silva recordou, ainda, que o comércio perdeu 50 mil postos de trabalho nos dois últimos anos, reflexo directo dos fechos de empresas.
Também a construção civil tem perdido dezenas de milhares de empregos nos últimos anos e 2007 não foi excepção. Só em 2008 a federação do sector admite uma recuperação da actividade das empresas.