in Jornal de Notícias
O ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, considerou hoje, quinta-feira, que o Estado não deverá conseguir, durante o próximo ano, terminar com as ajudas que tem dado à recuperação da economia portuguesa.
"Não antevejo que em 2010 nós possamos equacionar já uma retirada dos apoio à economia. Estes são os primeiros sinais de alguma recuperação [mas] temos de ter a certeza que este crescimento é sólido, sustentável e que se começa a reflectir no mercado de trabalho" frisou Teixeira dos Santos, em declarações à Lusa, à entrada para o encontro dos ministros das Finanças e da Economia da União Europeia (Ecofin).
O governante advertiu ainda para os perigos de uma "retirada precipitada" desses apoios, que poderiam fazer com que se "entrasse novamente num período da quebra de produção e de agravamento das condições do mercado de trabalho".
"Temos de ser muito prudentes e cautelosos e só quando tivermos sinais firmes e seguros que o crescimento é sustentado e que as coisas começam a melhorar no mercado de trabalho [é que] devemos tirar os apoios que estão no terreno na economia e fazê-lo de forma faseada", referiu.
Teixeira dos Santos segue assim as recomendações das instituições internacionais, que têm sublinhado a importância de retirar os apoios na altura certa. Caso os governos retirem os estímulos às economias demasiado cedo, poderão comprometer a recuperação e provocar nova crise no sistema financeiro, mas retirá-los demasiado tarde pode implicar um crescimento da inflação. Certo é o crescimento nos défices orçamentais e os níveis históricos de endividamento nalguns países.
No 'World Economic Outlook' do Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgado hoje, a organização afirma que já existe recuperação da economia global mas que esta será lenta, uma vez que os sistemas financeiros continuam com dificuldades, que os apoios públicos terão de ser retirados e que as famílias continuam a aumentar o volume das suas poupanças.
Para Portugal, o documento do Fundo Monetário Internacional, divulgado hoje, prevê ainda que o Produto Interno Bruto (PIB) real português sofra uma contracção de três por cento em 2009 e registe um ligeiro crescimento já no próximo ano, de 0,4 por cento.
O FMI estima também que os preços no consumidor sofram uma retracção de 0,6 por cento em 2009, recuperando em 2010 para um aumento de um por cento.
O FMI diz que o ritmo da recuperação da economia mundial, "permanece lento e a actividade mantém-se em níveis muito inferiores aos anteriores à crise".
A projecção para o crescimento económico a nível global foi revista em alta, esperando-se agora uma contracção de 1,1 por cento em 2009 (o que representa uma melhoria de 0,3 por cento face às estimativas anteriores) e um crescimento de 3,1 por cento em 2010 (melhoria de 0,6 por cento).
O crescimento da economia global deverá, no entanto, estabilizar nos 4 por cento até 2014, projectando-se ainda que este período seja marcado por um aumento do desemprego e pela continuação dos constrangimentos no mercado do crédito.