7.10.09

Vítimas de violência doméstica passam a ter terapia de grupo gratuito

Catarina Silva, in Jornal de Notícias

As mulheres que sofram de violência doméstica podem agora contar, gratuitamente, com novos grupos de apoio no Porto e em Lisboa.

Os GAM - Grupos de Apoio de Ajuda Mútua -, criados no âmbito do terceiro plano nacional contra a violência doméstica, têm por objectivo fundamental "capacitar as vítimas a pôr fim à violência a que têm sido sujeitas e da qual tem sido difícil sair", afirmou Elza Pais, presidente da Comissão para a Cidadania e Igualdade do Género. O projecto, apresentado ontem no Clube Literário do Porto, insere-se no eixo sete do quadro de referência estratégico do plano para a igualdade, área orçada este ano em 15 milhões de euros.

As mulheres que cometem suicídio representam o público-alvo que mais preocupa a especialista, e é por isso que existe uma sessão prévia para o início da terapia. Mas como se efectiva o projecto na prática? Milene Matos, professora da Universidade do Minho e coordenadora do projecto GAM, explica. " Trata-se de três grupos psicoeducativos, que serão mediados por duas orientadoras em dez sessões". Já "a duração de cada sessão será de 90 minutos, envolvendo um máximo de dez participante, que tenham entre 18 a 65 anos, heterogeneidade que pode contribuir para uma maior complexidade", salientou a coordenadora do projecto. O CIG, localizado na Rua de Ferreira Borges, no Porto, será o palco das sessões e é aí que as inscrições podem ser efectuadas, e também por telefone, ou através do site www.gam-uminho.net e email.

As sessões passarão por etapas construtivas, desde a avaliação das expectativas à definição das diferentes formas de violência e ao desfazer de "mitos". Após estas sessões iniciais, os temas versarão a recriação de intimidade, reflexão e partilha de sentimentos e dinâmicas, como a realização de debates, casos práticos e "role plays". Prémios em termos de valorização pessoal estão também previstos, como "a limpeza de pele" ou " corte de cabelo", uma vez que são pequenas coisas "que contribuem para alimentar o ego das pessoas", afirmou.

"Perceber o grau de satisfação para os utentes e monotorizar a mudança" é um vector fundamental para a avaliação da eficacácia da investigação, segundo a universitária. Qualquer instituição cuja equipa técnica tenha um psicólogo e profissionais com formação técnica específica na problemática da violência conjugal, bem como as condições físicas para o exercer (aposentos amplos), pode implementar o programa. Milene Matos salientou ainda a importância da ponte entre as autarquias, universidades e hospitais na realização do projecto. Os GAM têm um período de duração de três anos, tendo começado em Junho deste ano, em Lisboa, onde já estão implementados dois grupos, no Hospital Santa Maria.