in Jornal de Notícias
O agravamento do desemprego é o cenário mais provável traçado pelos economistas para os próximos anos.
De acordo com os últimos valores divulgados pelo INE, a taxa de desemprego em Portugal atingiu os 9,8 por cento no terceiro trimestre de 2009.
"Julgo que a taxa de desemprego poderá chegar aos 15 por cento quando as ajudas do Governo às empresas, à formação profissional e aos estágios terminar, seja por razões orçamentais, seja por razões estratégicas", disse o economista Carlos Pereira da Silva, em declarações à Lusa.
Igual opinião tem Bagão Félix, que admite que a taxa de desemprego ainda aumentará em 2010, em termos homólogos, por um lado porque o crescimento do PIB será ainda "incipiente" e, por outro lado, "por causa do fim das medidas públicas de ataque à crise".
Para o economista e ex-ministro do Trabalho, a principal diferença entre a situação no mercado de trabalho depois desta crise ou face a anteriores crises é precisamente que "a recuperação para níveis menos preocupantes da taxa de desemprego vai ser mais difícil e lenta".
Além disso, argumentou à Lusa, o habitual critério sobre o nível de crescimento do PIB necessário para criar emprego líquido (2 por cento) é "cada vez mais discutível em parte porque as novas tecnologias (e o consequente aumento de produtividade que por regra geram) não implicam necessariamente mais emprego".
Para Pedro Adão e Silva, por sua vez, o mais provável é que ocorra "uma espécie de congelamento" do mercado de trabalho, ou seja, "não haverá diminuições do desemprego, nem crescimento do emprego", mas este será "social, económica e politicamente dramático".
"Ainda assim, o ritmo de destruição de postos de trabalho abrandará", disse o economista.
De acordo com os últimos valores divulgados pelo INE, a taxa de desemprego em Portugal atingiu os 9,8 por cento no terceiro trimestre de 2009, o que representa um agravamento face aos 9,1 por cento observados no trimestre anterior e face aos 7,7 por cento do período homólogo de 2008.
A população desempregada estimada foi de 547,7 mil indivíduos, mais 114 mil pessoas do que há um ano atrás, o que representa uma subida de 26,3 por cento.
Em comparação com o trimestre passado há, por sua vez, mais 40 mil desempregados, significando uma subida de 7,9 por cento.
Segundo os mais recentes dados do IEFP, o número de desempregados inscritos nos centros de emprego em Portugal subiu 29,1 por cento em Outubro, face ao mesmo mês do ano passado, para 517.526 desempregados, mais 116.712 indivíduos do que há um ano atrás.
Face a Setembro, o aumento foi de 1,4 por cento, o que representa um acréscimo de 7.170 inscritos.