in Diário de Notícias
Mercado de trabalho reage com desfazamento aos sinais, ainda ténues, de recuperação económica. IEFP admite subida do desemprego em 2010.
Portugal chega a 2010 com quase 550 mil desempregados, o nível mais alto em cerca de 30 anos, mas os economistas estimam que a trajectória de subida do desemprego ainda vai demorar mais algum tempo a passar.
Apesar dos sinais de recuperação da economia (com o PIB a avançar 0,7% no terceiro trimestre face ao anterior), o mercado de trabalho é habitualmente o último a recuperar, razão pela qual o desemprego deverá continuar a aumentar nos primeiros meses do próximo ano.
Inverter esta escalada do desemprego será provavelmente o desafio mais delicado do Governo para 2010, tendo em conta que se trata de um dos factores que mais influenciam a percepção pública sobre a actuação do Executivo.
A taxa de desemprego em Portugal atingiu os 9,8% no terceiro trimestre de 2009, com 547,7 mil pessoas à procura de trabalho, revelou o INE.
O número não deverá começar a diminuir antes de "meados de 2010", disse na terça-feira à agência Lusa o presidente do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), Francisco Madelino. "Mesmo com as economias internacionais e a economia portuguesa a recuperarem, não é expectável que antes de meados de 2010 se verifique uma inversão desta situação do desemprego", disse Francisco Madelino.O presidente do IEFP falava à Lusa no dia em que aquele instituto divulgou que o número de desempregados inscritos nos centros de emprego subiu 28,2% em Novembro, para quase 524 mil indivíduos.
O agravamento do desemprego tem sido o cenário mais provável traçado pelos economistas para os próximos anos, mas, se de um lado, há quem acredite no congelamento do mercado de trabalho, há também quem preveja uma subida da taxa de desemprego até aos 15%.
"Julgo que a taxa de desemprego poderá chegar aos 15%quando as ajudas do Governo às empresas, à formação profissional e aos estágios terminar, seja por razões orçamentais, seja por razões estratégicas", disse o economista Carlos Pereira da Silva. Igual opinião tem Bagão Félix, que admite que a taxa de desemprego ainda aumentará em 2010, por um lado porque o crescimento do PIB será ainda "incipiente" e, por outro lado, "por causa do fim das medidas públicas de ataque à crise".
Para Pedro Adão e Silva, por sua vez, o mais provável é que ocorra "uma espécie de congelamento" do mercado de trabalho, ou seja, "não haverá diminuições do desemprego, nem crescimento do emprego", mas este será "social, económica e politicamente dramático".