por Elisabete Silva, in Diário de Notícias
No Ministério Público há 1381 procuradores e a maioria são mulheres. Há também mais juízas do que juízes e as advogadas são em maior número do que os colegas. Os dados, revelados ontem, constam do relatório do Instituto Nacional de Estatística, que mostra a força que os dois sexos têm em Portugal.
A maioria dos 1381 procuradores do Ministério Público já são mulheres. Nos tribunais, o sexo feminino também é o mais forte: 978 dos 1919 lugares de magistrados judiciais são ocupados por elas. E até entre os advogados a vantagem mantém-se: dos 27 623 existentes no País, os homens não chegam a atingir a metade (13 775).
Os dados, divulgados ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), mostram que as mulheres com funções na justiça em Portugal continuam a aumentar.
Só como procuradoras do Ministério Público, o número já ultrapassa com alguma margem os homens. Ou seja, em 2008 havia 795 contra 586. Um cenário oposto ao existente há sete anos, em que só estavam inscritas 542 contra 653 procuradores.
A viragem verificou-se em 2004, ano em que o sexo masculino perdeu a predominância no Ministério Público.
Aliás, no caso dos homens houve uma redução nos últimos três anos: em 2006 eram 620, em 2007, 616 e agora não chegam aos 600.
Também o número de juízes é maior no sexo feminino (978 contra 941), sendo que pela primeira vez há mais mulheres a exercer esta função do que homens. Situação que foi reforçada já em 2009, pois como o DN noticiou a 13 de Setembro, foram empossadas mais 35 mulheres e apenas 13 homens. Advogados, solicitadores e funcionários de justiça, também nestes casos o sexo maioritário é o feminino.
O relatório do INE sobre os indicadores sociais de Portugal no ano de 2008 mostra ainda que há menos mulheres a obter diplomas no ensino superior. Isto é, apesar de serem ainda a maioria, a vantagem em relação aos homens está a descer.
Em 2008 terminaram um curso 50 109 mulheres, quando em 2007 o número era de 51 146. Tendência inversa ao que se passou nos homens diplomados: 33 900 (2008) e 32 130 (2007).
Não é só no ensino superior que elas dominam. O mesmo sucede no secundário, nos portugueses com idades entre os 20 e os 24 anos: eles desistem mais e são elas quem mais terminam os estudos. E, aqui, o peso das mulheres ganhou ainda mais força, pois este ano verificou--se um aumento de 1,1%. Isto é, em 2008, dos alunos que terminaram o secundário, 61,9% eram raparigas. Já nos rapazes, e neste mesmo ano, só 47,1% concluíram o 12.º ano, mais 1,2 do que em 2007.
Elas preferem saúde
Diferentes são também as escolhas: ele preferem cursos de Engenharia e técnicas afins, com 8100 a concluir nas universidades públicas.
Elas, por seu lado, gostam mais de profissões ligadas à saúde. Por isso, em 2008, 7341 estudantes terminaram cursos nesta área no ensino público. A tendência confirma--se no sector privado, onde a saúde é o curso com mais alunas: no ano passado, 4270 terminam os estudos. Já em relação aos homens, há uma alteração no privado: o maior número de homens diplomados é no curso de Ciências Empresariais (1483).