Sérgio Aníbal, in Jornal Público
Os portugueses estão entre os europeus que mais reconhecem a necessidade de o país realizar reformas estruturais, mas são muito poucos os que aceitam que o Estado corte na despesa ou aumente impostos.
Como assinala o relatório trimestral da Comissão Europeia sobre a zona euro publicado ontem - com base nos inquéritos realizados no Eurobarómetro - a crise económica internacional fez crescer nos cidadãos da zona euro a noção de que é preciso dar início a reformas estruturais importantes. Portugal, que em 2007, antes do início da crise, já era, com 86 por cento de respostas positivas, o terceiro país em que a população mais desejava uma mudança, manteve-se, nos inquéritos de Setembro de 2009, entre os primeiros, registando uma aprovação de 88 por cento, baixando para a quarta posição, ultrapassado pela Irlanda. O problema, pelo menos no que diz respeito às reformas estruturais nas finanças públicas, é decidir o que fazer. Os portugueses são, na zona euro, os que menos aceitam uma subida de impostos, com apenas sete por cento dos inquiridos a mostrar-se favorável. A hipótese de reduzir despesas é mais aceite, mas ainda assim com o quarto valor mais baixo na zona euro (30 por cento).