por Patrícia Viegas, in Diário de Notícias
Belgrado apresentou ontem a sua candidatura oficial de adesão à União Europeia. Esta é mais uma etapa importante no caminho da integração europeia dos países da ex-Jugoslávia
Nove anos depois da queda de Slobodan Milosevic, os sérvios apresentaram ontem a sua candidatura oficial de adesão à UE, dando mais um pequeno, mas importante, passo na direcção da integração europeia dos Balcãs.
Boris Tadic foi a Estocolmo depositar a candidatura junto da presidência sueca da UE. O chefe do Estado sérvio defendeu que o seu país quer ser um pilar de estabilidade naquela zona, devastada por guerras fratricidas no decorrer da implosão da ex-Jugoslávia.
"Nós estamos há dez anos no caminho democrático, dez anos após o fim da guerra e dez anos após o fim do nosso isolamento. Ao longo desses dez anos o nosso principal objectivo foi o de integrar a Sérvia na UE", disse Tadic, em referência aos anos que se seguiram à queda de Milosevic.
"Agora acreditamos que com quase uma década de preparação, o nível de relações chegou a um ponto em que uma nova fase pode começar, com o objectivo de integrar plenamente a Sérvia na UE", acrescentou, citado pela B92.net.
Fredrik Reinfeldt, o primeiro- -ministro sueco e ainda presidente em exercício da UE, enalteceu um gesto histórico e lembrou os esforços que há a fazer: desde capturar e encontrar criminosos de guerra como Ratko Mladic, ex-líder militar sérvio-bósnio, até consolidar a economia de mercado. Não referiu, porém, aquela que é a maior das dificuldades: as relações com o Kosovo, ex-província sérvia que se declarou independente no ano passado e também aspira a integrar um dia a UE.
Mas este é um estilo a que os europeus já se habituaram, depois de os Estados membros aceitarem a adesão da ilha dividida de Chipre e ao mesmo tempo encetarem negociações com a Turquia, que apoia a metade turca da ilha. Isto sem que, até agora, se tenha feito um esforço europeu para conseguir resolver a questão, preferindo chutá-la para o nível bilateral ou para o campo das Nações Unidas.
Ao apresentar a candidatura, a Sérvia junta-se a outros países dos Balcãs que fizeram o mesmo, alguns deles são já candidatos e estão a negociar a adesão. É o caso da Croácia que, o mais tardar, deve entrar no clube europeu em 2012.
O passo que o país agora deu surge depois dos dois sinais positivos que foram o fim do bloqueio à aplicação do Acordo de Associação e Estabilização com a UE e a isenção de vistos para os cidadãos sérvios que queiram viajar para os países europeus que pertencem ao espaço Schengen.