28.12.09

Deco recebe oito pedidos de ajuda diários por dívidas

Alexandra Figueira, in Jornal de Notícias

Até Novembro já 2620 pessoas tinham recorrido ao aconselhamento financeiro da associação.

É certo que os pedidos de ajuda caíram nos dois últimos meses face a 2008, mas só porque, por esta altura do ano passado, estávamos no auge da crise financeira. Até Novembro, a Deco recebeu mais quase 600 solicitações.

A Defesa do Consumidor não tem tido mãos a medir com o disparar das solicitações de aconselhamento por parte das famílias que se vêem sem conseguir pagar as contas. Que o diga Natália Nunes, que dirige o gabinete de apoio ao sobreendividado e a quem, entre consultas, pouco tempo sobra para comentar a situação actual dos orçamentos das famílias.

Mas os dados falam por si. Até Novembro, 2060 pessoas foram a um dos escritórios da Deco admitir que já não têm dinheiro suficiente para pagar todas as contas - mais 586 do que na mesma altura do ano passado. A confirmar estes dados estão os valores do crédito malparado ainda esta semana divulgados pelo Banco de Portugal: os empréstimos em atraso continuam a subir a um ritmo superior ao da concessão de novo crédito, fazendo crescer o global da taxa do malparado junto da Banca.

Na Deco, o número de pedidos de ajuda aumentou claramente a partir do Outono do ano passado, quando o mundo acordou para a crise financeira que bloqueou o sistema bancário, ao saber da falência de um dos mais maiores bancos norte-americanos, o Lehman Brothers. Por isso, este ano, sobretudo no mês do grande choque, Outubro, os pedidos de ajuda ficaram abaixo do registado do ano passado - menos 55, mas ainda assim houve 276 que, só nesse mês, foram à Deco solicitar ajuda. E, em Novembro, os pedidos ascenderam a 201.

Continuam a estar centrados em torno de Lisboa, que responde por 86 dos 201 pedidos de ajuda entregues em Novembro; na região Norte houve 62 solicitações, contra 21 no Centro. As restantes 32 deram entrada nas delegações da Deco do resto do país.

Como se espera que o desemprego continue a subir, pelo menos no início do ano que aí vem, é também expectável que o número de sobreendividados continue a aumentar. Por isso, Natália Nunes está particularmente preocupada com a falta de informações sobre a eventual renovação, ou não, das medidas de ajuda aos desempregados que estiveram em vigor este ano. Entre elas está a moratória ao crédito à habitação, que permite aos desempregados pagar apenas metade do valor da prestação, durante dois anos. Ao JN, o Ministério das Finanças disse estar a ponderar a renovação da medida, mas ainda nenhuma decisão final foi anunciada.