Por Ana Rita Faria, in Jornal Público
Responsável pelo apoio a 82 novas empresas, a DNA Cascais expandiu o conceito para Trofa, Coimbra e Terras de Sicó, no Centro
Na parede estão pendurados os diplomas que marcam os últimos sete anos da vida de Cláudia Ranito. Há o da faculdade em Engenharia de Materiais, há o do estágio na área e há o da DNA Cascais, agência de fomento ao empreendedorismo. O projecto Medbone, para fabricar e vender implantes ósseos, venceu em 2008 o Concurso de Ideias de Negócio de Cascais (CINC) da DNA, que entrou agora na sua quarta edição. Com isso, saiu do papel e prepara-se para começar a vender os seus produtos já no início de 2010.
Desde que foi criada, há três anos, pela Câmara Municipal de Cascais, a DNA já apoiou o nascimento de 82 empresas e de 260 postos de trabalho, um número que poderá disparar para 450 nos próximos anos. E já expandiu a sua actividade para outras autarquias, como Trofa e Coimbra, e ainda para os concelhos da envolvente, as chamadas Terras de Sicó. O investimento feito até agora ultrapassa os dez milhões de euros e tem dado origem a empresas de diversas áreas, nomeadamente de serviços, e também a negócios ligados à saúde, como é o caso da Medbone.
"É como fazer um bolo, fazem-se primeiro os moldes, depois passa para uma estufa e finalmente vai ao forno", diz Cláudia Ranito, de 29 anos, para explicar o processo pelo qual passam as cerâmicas de fosfato de cálcio até se transformarem num implante que poderá substituir o osso em caso, por exemplo, de fracturas ou reconstruções ósseas.
Alojada num complexo industrial perto da Estrada de Manique, a Medbone foi premiada pelas qualidades do seu implante, que se dissolve e adapta mais facilmente ao osso do que os outros produtos no mercado. Em Novembro, voltou a ganhar novo prémio, desta vez do BES, no valor de 60 mil euros.
A empresa aguarda agora a certificação do produto para começar a vender já em 2010 para hospitais e clínicas, sobretudo no estrangeiro (países árabes, da Europa, América do Sul e África). No primeiro ano, espera facturar 50 mil euros. Mas o sucesso da Medbone não é um caso isolado.
Expansão para Norte
As empresas que nasceram sob a asa da DNA, e que têm obrigatoriamente de fixar sede na zona de Cascais, apresentam uma taxa de sobrevivência de 95 por cento. Ou seja, das empresas apoiadas desde 2007, apenas cinco por cento acabaram por não sair do papel ou tiveram de fechar portas. Este ano, já abriram as candidaturas para a nova edição do CINC, um processo que irá decorrer até dia 23 de Abril de 2010.
Para o próximo ano, a agência de fomento de empreendedorismo tem também planos de expansão. "Além de consolidar as outras DNA que já foram criadas na Trofa, em Coimbra (DNA Saúde) e Terras de Sicó, estamos a ser contactados por mais regiões e municípios e, em breve, poderemos ter outras DNA", avançou ao PÚBLICO Carlos Carreiras, presidente da agência e vice-presidente da Câmara de Cascais.
O apoio aos projectos é feito a diferentes níveis. Além de uma incubadora de empresas para os albergar, a DNA Cascais ajuda os empreendedores a melhorarem os seus planos de negócio e a procurar parceiros estratégicos. Paralelamente, disponibiliza um consultório jurídico e fiscal e um serviço de contabilidade e seguros para empresas. Mas o empurrão mais decisivo surge muitas vezes através dos apoios ao financiamento, que englobam o crédito, redes de investidores (conhecidos como business angels) e capital de risco, com a Inovcapital.