Leonor Paiva Watson*, in Jornal de Notícias
O objectivo do Governo de colocar, durante 2009, um nutricionista em todos os agrupamentos de centros de saúde ficou por concretizar. Temos apenas 80 nos cuidados primários, prevendo-se um aumento para o próximo ano.
A ideia era destacar um nutricionista para cada um dos 68 agrupamentos de centros de saúde (ACES), aproximando Portugal dos números da Organização Mundial de Saúde (OMS), segundo a qual o nosso país tem apenas um quinto dos profissionais de que necessita. O objectivo é combater e prevenir doenças como a obesidade e a diabetes.
Segundo os últimos dados da Associação Portuguesa de Nutricionistas (APN), ainda existem 32 ACES sem nutricionista. Nos ACES de Santarém não há nenhum e nos de Lisboa, Évora, Beja e Portalegre há apenas um para o agrupamento inteiro.
Fonte oficial do Ministério da Saúde (MS) adiantou à agência Lusa que existem cerca de "80 nutricionistas nos cuidados de saúde primários", prevendo que estes "números subam significativamente, durante 2010, no âmbito do programa de estágios da Administração Pública".
Segundo o MS, estes profissionais deverão começar a actividade no segundo trimestre de 2010. A APN alerta que pode haver alguns centros de saúde que têm profissionais a trabalhar nesta área, mas "não são detentores da licenciatura em Ciências da Nutrição e, portanto, não possuem esta profissão".
Para Alexandra Bento, da APN, os números ainda estão "muito aquém do necessário", lembrando que a proposta feita pela APN ao Ministério da Saúde é de "um rácio de um nutricionista para cada 20 mil habitantes". Alexandra Bento salientou, porém, o esforço que tem sido realizado: "Muitas vezes, quando não é possível alcançar o excelente, vamos por passos e isso é já a demonstração de um caminho".
"Em 2007, havia 52 nutricionistas nos cuidados de saúde primários, este ano, em Maio, eram 75", disse, comentando que foi "um incremento grande em dois anos, embora ainda manifestamente insuficiente".
A especialista lembrou a promessa do secretário de Estado da Saúde, Manuel Pizarro, de, pelo menos, um nutricionista em cada agrupamento, defendendo que "é um número mínimo desejável". Para a nutricionista, a falta de verbas do Serviço Nacional de Saúde (SNS) é a "grande questão" para o problema ainda não ter sido solucionado. Na sua opinião, a população está mais sensibilizada para o problema da obesidade, que continua a crescer em Portugal, assim como as doenças que lhe estão associadas.
*Com Lusa