in Correio de Minho
O número de famílias apoiadas regularmente pela Loja Social do Fundão cresceu de 50 para 290 em oito meses, a maioria das quais afectadas pelo desemprego, disse à Agência Lusa o vice-presidente da câmara local, Paulo Fernandes.
Chama-se loja, mas ali tudo é oferecido a quem precisa. Desde que abriu portas em Abril, o espaço que junta o município e instituições sociais já entregou quatro toneladas de bens alimentares e outro tanto de vestuário.
Além de oferecer bens materiais, o autarca acredita que impulsiona também a auto-estima das famílias. “Tem a imagem de uma loja para romper com a perspectiva estigmatizada dos espaços de caridade e conta com a ajuda de algumas das pessoas apoiadas”.
A loja estimula os beneficiários que estejam disponíveis “a dar parte da sua energia ao projecto, o que lhes reforça a auto-estima e os auxilia nos projectos de reinserção na comunidade”.
No global, os serviços de acção social da Câmara do Fundão contam com o apoio de 650 doadores, por entre particulares e instituições, e 75 voluntários. Quando a actividade arrancou, os idosos eram os que mais recebiam ajuda, assim como famílias desestruturadas ou em situação de exclusão social.
“Do Verão para cá houve claramente um aumento de situações de dificuldade económica súbita provocada por perca de emprego. Hoje, 75 por cento das famílias que apoiamos têm problemas de desemprego”, sublinhou Paulo Fernandes.
A loja serviu esta semana de base para a distribuição de 120 cabazes de Natal pelos agregados mais necessitados, parte dos quais angariados e m campanhas porta-a-porta pelas freguesias e apoiadas pelos escuteiros.
Jorge Oliveira é um dos utentes da loja social, graças à qual neste Natal pode oferecer brinquedos aos três filhos, referiu à Lusa. Esteve desempregado durante quatro anos em que o salário de 563 euros da esposa era o único sustento da família.
Além da ajuda em bens alimentares, o contacto com a loja social permitiu-lhe chegar a uma nova ocupação. Hoje é coveiro no cemitério da cidade, “um serviço de que nem toda a gente gosta”, mas importante para sustentar o agregado.
Ao seu lado para receber o cabaz de Natal estava Jesus Barroca, avó que tem os três netos à sua guarda depois do falecimento da filha. “Tenho 341 euros de reforma que não chegavam para cuidar deles. As mercearias e roupa que recebo são uma grande ajuda”, descreveu.
Para 2010, novas actividades estão ser planeadas para “alimentar a dinâmica de solidariedade”, disse Alcina Cerdeira, vereadora para a área da acção social na Câmara do Fundão, à Agência Lusa.
A autarquia elaborou uma candidatura ao programa nacional do Ano Europeu de Combate à Pobreza e Exclusão Social, que se assinala em 2010. A candidatura inclui eventos como um concerto em que a entrada vai ser paga em géneros.
“Acho fantástico podermos entregar um quilo de arroz ou um quilo de açúcar para assistir a um concerto”, assinalou a vereadora. A candidatura envolve toda a rede social do Fundão e as actividades terminam em Outubro com uma feira que vai mostrar as actividades de todas as instituições da área no concelho.