in Diário de Aveiro
Helena Terra, directora da Segurança Social de Aveiro, incita as IPSS´s a apostar na prevenção de riscos futuros e não apenas na reparação dos danos já existentes
amou, ontem, à atenção para a necessidade de as IPSS´s repensarem a forma como têm vindo a combater a pobreza e a exclusão social no distrito.
Helena Terra falava no seminário decorrido no Museu Marítimo de Ílhavo, dedicado ao debate deste tema, e promovido pelo Conselho Local de Acção Social (CLAS) do município de Ílhavo.
Referindo o facto de costumar ouvir falar em comemoração do combate a esta problemática, a directora do CDA/ISS sublinha ainda não haver nada para comemorar. “Enquanto houver um pobre, temos todos os motivos para nos entristecer com isso; ainda temos grande parte do caminho para percorrer” nesta matéria, realça.
E porque “a pobreza é, hoje, um conceito em constante actualização e se manifesta em várias vertentes”, fruto dos tempos modernos, a responsável apela à necessidade de as instituições adoptarem diferentes respostas e lamenta o facto de Portugal não ter sido, “durante muitos anos”, um exemplo no que ao investimento na qualificação dos recursos humanos diz respeito, o que, na sua opinião, “nos deixa atrás de alguns países nossos concorrentes da Europa a 27”. A este respeito, procedeu a uma analogia: “Enquanto eles têm sapatos que lhes permitem percorrer muitos quilómetros com menos esforço, nós ainda corremos de tamancos”.
Empresas necessitam rever a sua responsabilidade social
Classificando de “excelente” o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pela rede de IPSS´s do distrito, por vir conseguindo dar resposta à primeira linha de intervenção da acção social, a directora do CDA/ISS desafia-as a “deixar de encarar a acção social apenas como actividade reparadora dos danos que já existem no terreno e dirigi-la, também, para a prevenção de riscos futuros”.
A responsável aponta, ainda, outras duas necessidades do distrito: repensar a responsabilidade social de todo o tecido empresarial e o investimento na rede da economia social, realçando a importância do trabalho articulado entre as IPSS´s. A este propósito, dá o exemplo da União das IPSS´s Concelhias, instalada em Águeda. Helena Terra não duvida que “as IPSS´s farão melhor trabalho quanto mais o fizerem em articulação”, alertando que “a concorrência tem limites, que podem custar às instituições a sua própria subsistência”.
“Devemos apoiar bem quem realmente precisa”
Ribau Esteves, que procedeu à abertura deste seminário, falou da experiência do município ilhavense nesta matéria, dando conta de que, de há dois anos para cá, vem dando “consistência política e capacidade de intervenção” ao CLAS.
No sentido de contribuir para a integração da intervenção social, o edil explica que a Câmara entregou ao CLAS uma “arma operacional”: o Atendimento Social Integrado, que integra 33 entidades públicas e privadas e cujos profissionais “trabalham em equipa, articulam as intervenções e procuram que estas sejam estruturantes para a vida das pessoas e que rentabilizem os meios financeiros”.
Ribau Esteves apela para a necessidade de combater os “profissionais da pobreza que o país criou, que perceberam que é possível viver sem trabalhar, coleccionando apoios”. Para tal, diz que o objectivo do município que lidera passa por ter capacidade de “apoiar bem quem verdadeiramente precisa” e que a lógica que pretende materializar é a de que as medidas estruturantes devem existir sempre “e não em resposta a crises pontuais”. Como reflexo desta gestão que assegura vir adoptando, Ribau Esteves orgulhava-se em afirmar: “Este ano, vamos bater o nosso recorde de investimento municipal, de inauguração de obras importantes e, vejam lá, vamos aumentar os ordenados dos nossos funcionários em 150 mil euros, porque poupámos, gerimos bem e não aderimos à crise total e ao queixume nacional”. E rematou a sua intervenção, ironizando não concordar “que o poder e a oposição dancem o tango; preferimos continuar a dançar o bailinho da Madeira, o corridinho ou os viras”.