28.10.10

Famílias pedem menos empréstimos e bancos aumentam exigências

in Jornal de Notícias

A procura das famílias por empréstimos para comprar casa diminuiu no terceiro trimestre do ano, com os bancos a aumentar os 'spreads' e as exigências para emprestar, indicou hoje, quinta-feira, o Banco de Portugal.

Das respostas dos cinco grupos bancários inquiridos, o supervisor conclui que, em média, a procura por empréstimos para esta finalidade terá diminuído, apontando a diminuição da confiança dos consumidores e a deterioração das perspectivas para o mercado de habitação como as principais razões da menor procura.

Uma das instituições apontou ainda que, para esta redução da procura, terá também contribuído a "utilização de poupanças e despesas de consumo não relacionadas com a habitação", ainda que de forma ligeira.

Os bancos terão também aumentado os critérios para aprovar os empréstimos às famílias para compra de casa, que se traduziu na aplicação de 'spreads' mais altos (especialmente nos empréstimos de maior risco) e ainda outros critérios incluídos nos contratos, como o rácio entre o valor do empréstimo e o da garantia.

De acordo com os bancos inquiridos, a justificar as maiores exigências esteve "o custo elevado de financiamento e as restrições de balanço dos bancos, por um lado, e uma deterioração da percepção de riscos quer quanto à actividade económica em geral quer sobre a evolução do mercado de habitação".

Nos últimos três meses do ano, apenas duas instituições antecipam novo aumento destas exigências, mas de forma ligeira, enquanto que a generalidade dos inquiridos apontam para nova quebra na procura.

Nos empréstimos pedidos para consumo e outros fins, os critérios ter-se-ão mantido sem grandes alterações no terceiro trimestre (face ao trimestre anterior), o que se traduz num agravamento das condições, embora em menor dimensão.

Os bancos justificam a maior exigência de igual forma ao dos empréstimos à habitação, acrescentando no entanto dúvidas "quanto à capacidade dos consumidores de assegurarem o serviço da dívida".

Alguns bancos apontam ainda "uma maior percepção dos riscos associados às garantias exigidas" e um aumento das garantias exigidas, das comissões e outros encargos (não relacionados com os juros) assim como uma diminuição das maturidades.