Chocado com os atrasos e com os cigarros na escola

in Jornal de Notícias

O pai, islandês, foi estudante AFS em Braga, em 1985, e sempre falou muito bem da experiência, pelo que na hora de escolher o país onde iria fazer o seu intercâmbio, Ágúst Erlingsson, 17 anos, não teve dúvidas: Portugal.

Ficou colocado em casa de Miguel Cansado Carvalho, 18 anos, que no ano passado foi "AFS'er" em Oregon, nos Estados Unidos, pelo que a adaptação de Ágúst está a ser facilitada. "Gosto das pessoas porque são todos muito simpáticos. Pelo menos a minha família é".

Apesar do bom acolhimento, Ágúst já tem alguns amargos de boca para contar. E até teve de aprender à força o que quer dizer a tão portuguesa expressão "pé de gesso". Um destes dias, Ágúst foi de meias brancas para o Liceu Pedro Nunes, onde está a estudar, e apercebeu-se de que estava a ser motivo de chacota dos colegas. Julgou que se riam por ser estrangeiro e mal perceber Português, mas só depois percebeu que o problema era, afinal, a cor das suas meias.

"Mas porquê? Eu sempre usei meias brancas na escola! Qual é o problema da cor das meias que se usa?", pergunta, ainda incrédulo com o sucedido.

Mas já há outras diferenças que lhe saltam à vista, em especial na forma de funcionamento da escola. Ágúst acha a escola "desorganizada" e não entende a facilidade com que os alunos entram e saem quando lhes apetece. Também está escandalizado com os "atrasos" dos professores. "Na América, os professores nunca se atrasam e aqui todos os professores já se atrasaram pelo menos uma vez".

Outra coisa que não entende é o facto de haver tantos alunos fumadores e a forma "descarada" como o fazem dentro da escola, à vista de professores ou funcionários, sem temer represálias. "Na América, se fores apanhado com um isqueiro isso dá direito a suspensão. Quanto mais se fores apanhado a fumar", diz, incrédulo com a forma como certas coisas funcionam. Mas há, também, boas descobertas: está fã da farinha Cerelac e aprova o facto de toda a gente se esforçar para falar com ele em Inglês.