Nuno Miguel Ropio, in Jornal Público
Cerca de 10% dos formandos do Novas Oportunidades conseguiu um aumento do vencimento após ter na mão o diploma de reconhecimento de competências, aponta um estudo da Universidade Católica sobre a percepção e os níveis de satisfação deste programa.
Criado em 2006 para a qualificação e certificação de competências da população adulta, o programa continua a não conseguir atrair população com menos de 30 anos e mulheres de idade superior a 50 anos. Mas quem conclui o Iniciativa Novas Oportunidades (INO) reconhece grandes benefícios a nível pessoal, familiar e, acima de tudo, profissional.
Aumento de vencimento, progressão na carreira, maior estabilidade no emprego e, até, uma melhor conjugalidade - por diminuir as assimetrias educativas entre os membros de um casal -, foram apenas algumas das respostas dadas por um universo de 1500 pessoas, que participaram numa avaliação externa realizada pelo Centro de Estudos da Universidade Católica sobre o programa. Um trabalho que se limitou a analisar, essencialmente, a percepção dos formandos sobre o Novas Oportunidades e o impacto nas suas vidas pós-diploma.
Aliás, dizer que se trata do primeiro grande estudo do INO não seria correcto. Até porque, no próximo ano, o relatório do Programa Internacional para a Análise das Competências dos Adultos da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico) irá revelar que conhecimentos e qualificações obtiveram os portugueses.
Um em cada dez ex-formandos empregados admitiu que o salário cresceu após a validação de competências e 27% confessaram que passaram a ter uma maior confiança das chefias, tendo, até, aumentando a subordinação de terceiros. Os empresários também se mostraram agradados com a valorização da mão-de-obra.
"Quantos de nós, neste sala, podem dizer que tiveram um aumento salarial? A verdade é que uma em cada três pessoas, que concluíram os percursos na iniciativa, já sentiu impacto na sua empresa. Isto revela um enorme potencial", disse o presidente da Agência Nacional para a Qualificação, Luís Capucha, responsável pelo programa.
Relativamente aos desempregados e o efeito no seu regresso ao mercado de trabalho, após o INO, o estudo nada apontou.
Segundo o coordenador do trabalho, o ex-ministro da Educação Roberto Carneiro, o facto de 32% dos ex-formandos admitirem ter benefícios com o programa acaba por não ser, ainda assim, um resultado "suficientemente positivo".