Costa Guimarães, in Correio do Minho
Há ideias fantásticas que geram fenómenos fabulosos que mostram o melhor lado das pessoas e nos alimentam a esperança num mundo melhor.
É o caso do Banco Alimentar Contra a Fome que tem uma parceria com algumas cadeias portuguesas para produzir vegetais: dá as sementes e os prisioneiros cultivam-nas.
É um programa de inclusão social que foi apontado como um bom exemplo ao nível europeu, sendo classificado como “um trabalho notável” no fórum contra a pobreza que decorreu em Bruxelas no âmbito do Ano Europeu de Combate à Pobreza e Exclusão Social.
O Banco Alimentar oferece as sementes, o município cede o terreno e os prisioneiros vão para a terra cultivar alimentos que são entregues aos Bancos Alimentares para serem distribuídos por quem mais necessita.
É a concretização eficaz do velho provérbio chinês que prefere dar a cana e ensinar a pescar a dar continuamente o peixe.
O combate à pobreza não passa apenas por dar al imentos, se não forem acompanhados das ferramentas que ajudem as pessoas a reagir às situações de pobreza em que foram colocadas.
O elogio ao banco português é ainda mais eloquente se soubermos que dos 16 países europeus que têm Bancos Alimentares foram “poucos” os que já avançaram com programas de inclusão social.
Em toda a Europa, 79 milhões de pessoas vivem abaixo do li-miar da pobreza e, entre estes, 30 milhões passam fome, dizem cruelmente os números do Eurostat relativos a 2009.
Em 2009, os Bancos distribuíram mais de 328 mil toneladas de alimentos e alimentaram 4,7 milhões de pessoas.
Este número — que representa um aumento face ao ano ante-rior, torna mais urgente que a ideia do banco português seja alargada a toda a Europa.
Só assim o trabalho de milhares de voluntários — na recolha e armazenagem dos alimentos — não se transformará em mais um desperdício e numa inutilidade no combate à exclusão.