23.10.10

Ir às raízes do flagelo da pobreza

in Agência Ecclesia
«Continuamos com taxas de pobreza que não se justificam num país de primeiro mundo» - afirmou Alfredo Bruto da Costa.


O XI Dia do Voluntário Missionário deste ano reflectiu sobre o combate à pobreza e à exclusão social. Na conferência desta manhã (23 de Outubro), Alfredo Bruto da Costa, Presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz, falou sobre «Promover o desenvolvimento humano integral: do local ao global». Uma “forma de interpelar” os cerca de 70 participantes “a agir e a fazer a diferença” – disse à Agência ECCLESIA Patrícia Fonseca, da Fundação Evangelização e Culturas (FEC), entidade organizadora desta iniciativa.

O Encontro decorreu no Teatro Miguel Franco e Mercado de Santana, em Leiria. «Contra a pobreza, Tu podes ser a diferença!» foi o mote para o XI Dia do Voluntário Missionário, promovido pela FEC, com o apoio do Grupo Missionário Ondjoyetu e da Câmara Municipal de Leiria.

No combate à pobreza é fundamental “actuar nas causas” desta. “Se ficarmos apenas no assistencialismo e no imediatismo, não resolvemos o problema” – frisou Patrícia Fonseca. E enumera algumas causas da pobreza: “o desemprego e a deficiente distribuição da riqueza”.

O presidente do Conselho Nacional Justiça e Paz defendeu que "a relação do ser humano com os bens da terra não é facultativa, é obrigatória" e, por isso, "a pobreza é um flagelo".

Um «flagelo» que quis explicitar às dezenas de voluntários missionários na plateia, apontando que o «individualismo» marca a cultura ocidental. E apesar de, na Europa terem sido efectuados muitos progressos, "continuamos com taxas de pobreza que não se justificam num país de primeiro mundo" - salientou.

Para resolver o verdadeiro problema da pobreza importa ir às causas e não tratar, apenas, da privação de alimentos» e "aqui é que tu podes fazer a diferença» - interpelou Bruto da Costa.

O número de voluntários missionários tem “aumentado todos os anos”. Um sintoma de que as pessoas estão “preocupadas com esta realidade” – salientou a responsável da FEC.

No sentido de motivar os participantes “a actuar contra a pobreza, foram apresentados também exemplos inspiradores, de projectos promovidos pela Amnistia Internacional, CAIS, Serviço Jesuíta aos Refugiados e Caritas Diocesana de Leiria” – disse.

Rede de Voluntariado Missionário

Na área do voluntariado para a cooperação, a FEC gere uma rede que envolve cerca de cinquenta entidades portuguesas que promovem Voluntariado Missionário. Estas entidades têm em comum a identidade cristã, a ligação aos Países de Língua Oficial Portuguesa (PLOP), a experiência e o sentido de co-responsabilidade pela promoção do bem comum.

Numa lógica de rede, a FEC realiza anualmente um conjunto de actividades, entre as quais a formação de voluntários e de formadores, a divulgação do trabalho realizado pelas entidades associadas, a angariação de fundos para os projectos em curso e a dinamização e intercâmbio de experiências.

O movimento Voluntariado Missionário tem vindo a marcar a vida missionária em Portugal há já vinte anos, sendo hoje uma realidade consolidada. Desde 1988, mais de 3500 jovens voluntários missionários integraram acções de cooperação, sobretudo nos PLOP.

A Fundação Evangelização e Culturas (FEC) é uma Organização Não Governamental para o Desenvolvimento (ONGD) criada em 1990 pela Igreja Católica em Portugal.

A FEC acredita que é possível lutar contra a pobreza e alcançar objectivos de desenvolvimento humano e sustentável, através de projectos que potenciam recursos humanos, materiais e financeiros, e que respondem a necessidades apresentadas localmente, num trabalho conjunto com entidades e comunidades.

A FEC é membro da Coopération Internationale pour le Développement et la Solidarité (CIDSE), confederação internacional de 16 organizações católicas de cooperação para o desenvolvimento, com um âmbito de acção orientado para a discussão e influência sobre politicas de desenvolvimento junto de instituições internacionais.