Carolina Franco, in Público
Kit de Boas-Vindas foi feito a muitas mãos, por crianças e adultos. Foi traduzido para várias línguas e em braille.
A Escola Básica de Gândara dos Olivais, em Marrazes, tem “paredes amarelas”, “um campo, um escorrega e uma casinha”. A descrição é feita por Eva Santos e Vasco Faria, alunos do 4.º ano, que conhecem a escola como quem faz deste espaço a sua segunda casa há tempo suficiente para a apresentar de olhos fechados. Estão à vontade para mostrar os cantos à casa a quem chega de novo. E é isso mesmo que fazem a colegas imigrantes ou refugiados através de um Kit de Boas-Vindas com desenhos feitos pela turma e com textos escritos por professoras.
“Bem-vindo/Laskavo prosymo/Welcome/Aloha/Shalon/Drobrodosli”. O manual de acolhimento começa com uma mensagem muito clara: todas as pessoas, independentemente da sua origem e língua materna, são bem-vindas ao Agrupamento de Escolas de Marrazes. Neste pequeno livro mostram-lhes que sabem que “não é fácil chegar a uma terra nova onde não conhecemos ninguém” e reúnem algumas “dicas” para a chegada à escola nova, neste país novo, que estão traduzidas em várias línguas e através de símbolos. São breves explicações de contexto da escola, de como é costume comportarmo-nos em determinadas situações e onde é que se podem fazer algumas tarefas essenciais ao dia-a-dia de cada aluno e, por vezes, dos seus pais.
Como apanhar o autocarro para a escola? O que dizer ao motorista? O que fazer na preparação para as aulas de Educação Física, no balneário? Como agir quando alguns colegas se desentendem? São algumas das questões respondidas de forma simples no Kit de Boas-Vindas.
A Escola Básica de Gândara dos Olivais, em Marrazes, tem “paredes amarelas”, “um campo, um escorrega e uma casinha”. A descrição é feita por Eva Santos e Vasco Faria, alunos do 4.º ano, que conhecem a escola como quem faz deste espaço a sua segunda casa há tempo suficiente para a apresentar de olhos fechados. Estão à vontade para mostrar os cantos à casa a quem chega de novo. E é isso mesmo que fazem a colegas imigrantes ou refugiados através de um Kit de Boas-Vindas com desenhos feitos pela turma e com textos escritos por professoras.
“Bem-vindo/Laskavo prosymo/Welcome/Aloha/Shalon/Drobrodosli”. O manual de acolhimento começa com uma mensagem muito clara: todas as pessoas, independentemente da sua origem e língua materna, são bem-vindas ao Agrupamento de Escolas de Marrazes. Neste pequeno livro mostram-lhes que sabem que “não é fácil chegar a uma terra nova onde não conhecemos ninguém” e reúnem algumas “dicas” para a chegada à escola nova, neste país novo, que estão traduzidas em várias línguas e através de símbolos. São breves explicações de contexto da escola, de como é costume comportarmo-nos em determinadas situações e onde é que se podem fazer algumas tarefas essenciais ao dia-a-dia de cada aluno e, por vezes, dos seus pais.
Como apanhar o autocarro para a escola? O que dizer ao motorista? O que fazer na preparação para as aulas de Educação Física, no balneário? Como agir quando alguns colegas se desentendem? São algumas das questões respondidas de forma simples no Kit de Boas-Vindas.
Foi Patrícia a responsável pela ideia e organização do Kit de Boas-Vindas. Quando chegou ao agrupamento de escolas para desempenhar funções, percebeu que [o agrupamento] “tinha muitos alunos imigrantes e de várias nacionalidades”, e que havia tendência para o número aumentar. Para facilitar a sua integração, achou que tinha sentido criar um recurso que conseguissem entender. A apresentação oficial fez-se no dia 12 de Janeiro, com a presença da ex-secretária de Estado e coordenadora do Observatório da Emigração do Iscte Cláudia Pereira.
A primeira edição foi traduzida do português para o espanhol, inglês, francês e ucraniano, e tem também uma versão em braille. Com o apoio do Alto Comissariado para as Migrações, estão a fazer uma segunda edição traduzida também para russo, italiano e árabe.
“Num universo de 2000 alunos, 500 são imigrantes”
Eva e Vasco ainda estavam no segundo ano quando Patrícia Oliveira bateu à porta da sala de aula com a proposta de a turma fazer os desenhos de um manual para alunos imigrantes. Recordam-se que o mais difícil foi desenhar a personagem principal, que é “um menino ucraniano”, a várias mãos. Em casa, quando contaram o que andavam a fazer nas aulas, os pais “acharam uma boa ideia”.
Nesta turma não é novo o exercício de se porem no lugar de outras crianças e descobrirem mais sobre as suas culturas. “Temos trabalhado as origens dos alunos e fazemos pesquisas sobre os países de onde são naturais ou onde têm raízes”, partilha Célia Frazão, a professora. A mãe de Vasco, por exemplo, é brasileira. Já a mãe de Eva nasceu em Moçambique, mas grande parte da família é de Cabo Verde. “A mãe e a tia da Eva têm vindo cá à sala partilhar coisas com o resto da turma”, conta a professora. Eva confirma.
Durante o processo de concepção do manual, Patrícia Oliveira sentiu que os alunos imigrantes que participaram se sentiram “naturalmente valorizados e incluídos”. “Os outros também se sentiram muito úteis. Eles diziam: ‘É bom fazermos isto para que os colegas se sintam bem e felizes’.”
A assistente social diz ao PÚBLICO na Escola que receber bem alunos vindos de nacionalidades diferentes exige adequação a cada caso — e, neste agrupamento, no “universo de 2000 alunos, 500 são imigrantes”. Além de alunos vindos da Ucrânia, têm recebido também crianças de campos de refugiados na Grécia, “muitas vezes com pouca alfabetização” e com “um processo e um caminho até cá muito difícil, do ponto de vista emocional e traumático”. “Isto é bastante exigente no que concerne ao próprio acolhimento. Temos um longo caminho pela frente e estamos sempre a aprender”, continua. O manual de boas-vindas é “um ponto de partida”.