Tem tanto de «complexo, como de invisível». Estas são as palavras de João Lázaro, presidente de APAV – Associação Portuguesa de Apoio À Vítima e servem de introdução ao estudo sobre a violência contra pessoas idosas. Esta é uma temática que devemos todos estudar, compreender e prevenir, partilhando experiências, pois só desse modo poderemos contribuir para a construção de uma sociedade para todas as idades.
Urge encarar este facto – da violência contra as pessoas idosas, os seus fatores de risco, assim bem como a sua sinalização –, como uma missão. Não só dos decisores políticos, sobretudo dos autarcas locais, pela proximidade para com as pessoas idosas, mas de todos nós. O envelhecimento surge, muitas das vezes, mais do que deveria, no meu entender, associado a vulnerabilidades várias, nomeadamente físicas e do foro psíquico; na cessação da atividade laboral, com a entrada na reforma, à perda de poder económico, ao isolamento familiar e social.
Muito embora a violência contra pessoas idosas seja reconhecida como um problema de saúde pública, para já não mencionar, de justiça criminal, a sua ‘invisibilidade’ remete-as para o esquecimento.
Com o estudo sobre “O Poder Local e a Violência Contra Pessoas Idosas”, promovido pela APAV – Associação Portuguesa de Apoio À Vítima, em parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian, temos acesso a um conjunto de orientações e de recomendações que vão no sentido de «construirmos uma sociedade onde os direitos não tenham idade». Estas reflexões podem ser encontradas no relatório que está disponível em: www.apav.pt/portugalmaisvelho
Promover a implementação de medidas que incentivem o envelhecimento ativo e saudável, não apenas na idade avançada, mas ao longo da vida; promover a capacitação das pessoas idosas para o conhecimento e exercício dos seus direitos, como, por exemplo, o fortalecimento das redes comunitárias; a promoção de uma educação para a saúde; e, entre outras, incentivar o acesso e utilização das novas tecnologias.
O envelhecimento é uma conquista, que acarreta um sem número de desafios. Cabe, por isso mesmo, a todos nós, analisá-los e desenhar respostas para esta necessidade de adaptação das nossas sociedades. «Ninguém vai para novo», foi a frase que mais me marcou nos últimos tempos. Talvez por força de me ter dado conta de como os anos passaram. Não que fosse necessário comemorar mais um aniversário para sentir o peso da idade, mas para refletir sobre como prolongar este ‘estado de graça’, com mais ou menos maleitas, digamos. Senti necessidade de lembrar da importância de se acabar com a discriminação em razão da idade (idadismo), tão erradamente enraizada na nossa sociedade. Este fenómeno requer uma ação consistente. É imperioso repensar o envelhecimento, de forma estruturada e transversal, sem compartimentos estanques, convocando e envolvendo vários setores da sociedade, entre outros, a educação, a saúde, a economia, a justiça, a cultura, a habitação, o turismo, os transportes, a segurança social, a cidadania e a igualdade, assim como as novas tecnologias.
Por um envelhecimento ativo e saudável.