21.3.23

Urge estratégia europeia de combate à pobreza

Joana Amorim, in JN

Na casa de Cidália, em Évora, vivem cinco pessoas. Entram três salários. Na habitação arrendada por 700 euros já não se come peixe. Cortou-se no consumo de carne. "Quando não chega para pagar a luz e a renda, corta-se na alimentação". Cidália Barriga é representante do Conselho Nacional de Cidadãos da Rede Europeia Anti-Pobreza (EAPN) Portugal. e dá esta sexta-feira voz, numa conferência promovida pela rede, no Porto, aos mais de dois milhões de portugueses que vivem em risco de pobreza.

Os dados mais recentes apontam para uma redução da população naquela condição, para os 19,4%, mas foram apurados com os rendimentos de 2021. Contudo, há indicadores de privação material que se agravaram.

Tal como na casa de Cidália Barriga, 3% da população não consegue ter uma refeição de carne ou de peixe pelo menos de dois em dias. E 17,5% não consegue manter a casa aquecida. Dados que motivam uma das recomendações que sairá da conferência, que visa discutir o plano de ação do Pilar Europeu dos Direitos Sociais, antecipando a Cimeira Social do Porto, que decorrerá em maio. "Os compromissos assumidos no plano [anunciado em 2021] têm que ter em conta o contexto atual, o que exige que o plano seja reforçado", defende, ao JN, a coordenadora da EAPN.