1.9.23

Juros nos depósitos em Portugal crescem abaixo da média da zona euro e só outros quatro países pagam menos

Diogo Cavaleiro, in Expresso


Juro médio dos novos depósitos a um ano em Portugal cresceu em julho a um ritmo inferior ao do mês passado e da zona euro. Depósitos antigos aplicados nos bancos portugueses também recebem menos que na zona euro


m julho os bancos portugueses melhoraram a remuneração paga nos novos depósitos com um prazo a um ano, mas a um ritmo mais lento do que no mês anterior. Além disso, a subida não impede que Portugal continue a ser o quinto país da zona euro que paga juros mais baixos.


A taxa de juro média dos novos depósitos concedidos em julho fixou-se em 1,66%, uma tímida subida face aos 1,58% registados no mês anterior. É tímida, já que de maio para junho o aumento tinha sido mais intenso, já que saíra de 1,26%.

Só em abril é que a taxa superou a barreira de 1%, com os bancos a justificarem que não precisam de competir por depósitos dada a sua liquidez confortável. Mesmo assim, esta é a taxa de juro mais elevada nos depósitos a um ano desde maio de 2014.

A esmagadora maioria dos depósitos em Portugal são com prazo a um ano (sendo que este é o dado que permite a comparação europeia). Juntando os depósitos com prazos superiores, “a taxa de juro média dos novos depósitos a prazo de particulares aumentou de 1,58% em junho para 1,69% em julho, o valor mais alto desde julho de 2014”.

MÉDIA DO EURO CRESCE ACIMA DE PORTUGAL

De acordo com os dados divulgados esta sexta-feira, 1 de setembro, pelo Banco Central Europeu (BCE), a reduzida generosidade da banca nacional no que diz respeito aos depósitos só é ultrapassada pelas baixas taxas pagas pela Eslovénia, Chipre, Hungria e Grécia.

Em sentido inverso, França oferece 3,51% em juros aos clientes bancários para aplicarem depósitos a um ano, a Estónia paga 3,39% e Itália 3,29%. Em Espanha, país de onde são oriundos os acionistas de grandes bancos portugueses (Santander e BPI), a média é de 2,36%.

A média da zona euro para estes depósitos foi de 2,83%, dez pontos-base acima da média registada um mês antes (2,73%). Ou seja, a melhoria da remuneração nacional foi de dimensão inferior à da zona euro.

Nos depósitos à ordem, que têm tradicionalmente uma remuneração muito mais limitada, houve uma melhoria em Portugal: passou de 0% para 0,01%. No euro, a média subiu de 0,23% para 0,27%. Mais uma vez, a remuneração cresceu mais na área do euro do que no país.

TODA A CARTEIRA COM JUROS DE 0,64%

Não é só nos novos depósitos que a banca portuguesa paga abaixo do que ocorre na zona euro. A média de juros de toda a carteira de depósitos até dois anos (não há dados de carteira de depósitos a um ano) ficou em 0,64% em julho, sendo que aqui é o quarto pior do euro: Eslovénia, Hungria e Chipre pagam pior. Era de 0,52% em junho.

Na zona euro, a média dos juros dos depósitos com um prazo até dois anos era de 1,84%, passando para 2% em julho.

Pela zona euro – e com especial enfoque em Portugal –, a banca tem sido criticada pela demora em aumentar a remuneração dos depósitos dos seus clientes. Os gestores dos bancos nacionais justificam que não precisam de captar nova liquidez e que a concorrência saudável levará a uma convergência entre os juros nacionais e da zona euro (o que não aconteceu em julho).

Ao contrário dos créditos, os juros nos depósitos não sobem automaticamente porque não estão indexados às Euribor (que replicam e antecipam a evolução da taxa de juro diretora do euro). Assim, a evolução dos juros nos depósitos depende da gestão dos bancos e, apesar dos pedidos do Banco de Portugal e do Ministério das Finanças (que se escudam, dizendo que nada mais podem fazer), a remuneração continua a ser limitada e inferior à da zona euro.