Comunidade surda reclamamais apoio

in Jornal de Notícias

Faz amanhã dez anos que a Língua Gestual Portuguesa foi reconhecida na Constituição como uma das línguas oficiais portuguesas. No entanto, os apoios aos cerca de 100 mil surdos existentes em Portugal ainda escasseiam, e há muito por fazer em áreas essencias como a Saúde e a Educação.

"O reconhecimento foi um passo importante, mas vivemos num país onde as coisas acontecem lentamente", afirmou, à Lusa, a coordenadora da Unidade de LGP da Associação Portuguesa de Surdos, Paula Estanqueiro. A responsável defende o contacto das crianças surdas com a língua gestual desde os primeiros anos, nas creches, bem como uma maior aposta na formação e integração dos surdos nas aulas, para contrariar as altas taxas de insucesso escolar entre a comunidade.

A criação de um "serviço multidisciplinar" para aconselhar e informar a comunidade surda sobre a aprendizagem da LGP e a sobrevivência num mundo planeado para ouvintes é uma das sugestões de Paula Estanqueiro.

O acesso aos serviços de Saúde e à informação e entretenimento televisivo é outra das barreiras que os surdos têm ainda de enfrentar, devido à falta de intérpretes de LGP. Esse problema não é tão visível, por exemplo, na área da Justiça, onde é garantido o acompanhamento aos surdos em qualquer processo judicial.

Os dez anos de educação de surdos em Portugal vão ser avaliados, no domingo, numa conferência internacional.