14.9.07

Unicef comemora redução "histórica" da taxa anual de mortalidade infantil

Andréia Azevedo Soares, in Jornal Público

Número de crianças que morrem antes de completar cinco anos é, pela primeira vez, inferior a dez milhões


É um marco inédito: em 2006, pela primeira vez na história moderna, o número anual de crianças que morrem no mundo antes de completar cinco anos foi inferior a dez milhões. Quem lê o relatório da Unicef sobre a mortalidade infantil divulgado ontem tem uma reacção mista - há um sorriso seguido de um suspiro. Porque as mesmas estatísticas que nos permitem celebrar um recorde também repisam uma realidade "inaceitável": 9,7 milhões de meninos morrem, todos os anos, por males que poderiam ser facilmente evitados.

Ann M. Veneman, directora executiva da Unicef, afirma numa nota de imprensa que o relatório indica "progressos sólidos". Contudo, lembrou, ainda há muito trabalho a fazer. Para alcançar os objectivos estipulados nos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, um compromisso assumido há sete anos pelos principais líderes mundiais, temos ainda de subtrair 5,4 milhões de mortes anuais ao valor actual. Isto porque a meta é reduzir até 2015 em dois terços a taxa de mortalidade infantil registada em 1990, da ordem dos 13 milhões de óbitos anuais.

"A perda de 9,7 milhões de crianças por ano é inaceitável. A maioria destas mortes é perfeitamente evitável", afirmou Ann M. Veneman. A responsável sublinhou que o recorde foi obtido com o reforço de cuidados básicos de saúde e higiene. É o caso do incentivo à amamentação, da administração de suplementos de vitamina A, da vacinação e da distribuição de mosquiteiros com insecticidas.

O documento revela que todas as regiões do planeta progrediram, mas umas bem mais do que outras. A Ásia era responsável pela maior parte dos óbitos antes dos cinco anos de idade, lugar agora ocupado pela África subsariana. Se a tendência actual se mantiver, 60 por cento da mortalidade infantil registar-se-á no continente africano em 2015. O desenvolvimento chinês contribuiu para novo mapa da mortalidade infantil: o número de mortes infantis por cada mil habitantes caiu de 45 para 24 entre 1990 e 2006. A Índia passou de 115 para 76 em igual período.