Raquel Almeida Correia, in Jornal Público
As 14 soluções de responsabilidade social co-financiadas pela iniciativa comunitária Equal e desenvolvidas por entidades nacionais públicas e privadas vão estar à disposição de empresas portuguesas e estrangeiras a partir de 2008. Numa primeira fase, a implementação será gratuita, mas o projecto tenderá a tornar-se num negócio.
Criado em 2001, o fundo da União Europeia atribuiu 11 milhões de euros a oito parcerias portuguesas para criarem projectos socialmente responsáveis, que agora vão passar por uma fase de divulgação, orçada em 1,6 milhões de euros. O objectivo é encontrar interessados em adoptar internamente essas soluções.
Para já, será a custo zero, "dada a natureza pública da iniciativa", refere Ana Vale, gestora da Equal em Portugal. Mas poderá servir de base para "se desenvolverem soluções de responsabilidade à medida e serem vendidas a empresas portuguesas e estrangeiras", afirma.
Ana Esgaio, coordenadora de uma das parcerias apoiadas pelo Equal, a Oeiras PRO, avança que as entidades envolvidas no projecto estão interessadas em rentabilizar o conceito de soluções de responsabilidade social. Apesar de considerar que o principal objectivo "não é material", a responsável refere que o Centro para a Responsabilidade e Inovação Organizacional, criado no âmbito desta iniciativa, vai servir de plataforma para o lançamento "de serviços de formação, consultoria e desenho de projectos para empresas e organizações que queiram envolver-se socialmente".
Em Portugal, diz Ana Esgaio, "há muitas entidades que ainda não sabem bem como estreitar as relações com a comunidade e prestar o seu contributo à sociedade". E, por isso, a venda destas soluções poderá "ajudá-las a perceber como agir", ao mesmo tempo que "garante a sustentabilidade do Oeiras PRO", que implicou um investimento de 510 mil euros.
"Há aqui um grande potencial", sublinha a responsável máxima da Equal em território português. A procura por parte do mercado vai depender "da eficácia da disseminação dos projectos", mas Ana Vale acredita que "vai haver uma manifestação de interesse significativa por parte de empresas, associações e municípios". Um passo importante para tornar esta área num negócio, com cada vez mais adeptos no país.
A primeira iniciativa de divulgação destas soluções decorreu na passada quinta-feira, no Market Place, a primeira feira de responsabilidade social portuguesa. Ana Vale culpa a organização do evento por terem surgido poucos interessados em adoptar estes projectos. "Não foi feita publicidade suficiente para que aparecessem", refere.
A Equal termina em Dezembro de 2008, após duas vagas de financiamento comunitário. A primeira, lançada em 2001, não registou qualquer candidatura, o que fez com que o subsídio da segunda fase duplicasse. As parcerias envolvidas ganharam, na opinião da responsável, "reconhecimento no mercado e oportunidades de negócio no futuro".
As 14 soluções foram apresentadas no Market Place, a primeira feira de responsabi- lidade social no país