3.2.08

Campanha contra alcoolismo juvenil

Ana Peixoto Fernandes, in Jornal de Notícias

Dos cerca de 160 processos de menores em risco que a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens (CPCJ) de Ponte de Lima tem, actualmente, entre mãos, a sua esmagadora maioria tem associado o problema do alcoolismo. Esta preocupante realidade levou aquele organismo a encetar no terreno, uma campanha de sensibilização que abrange todas as escolas de todos os níveis de ensino daquele concelho, com vista a travar hábitos de consumo de bebidas alcoólicas entre os mais novos. A acção, no terreno desde Setembro passado, está a resultar na criação de grupos de trabalho no seio dos estabelecimentos de ensino, sendo que, por exemplo, na Escola Secundária de Ponte de Lima, foi criada uma designada "Brigada" para refrear comportamentos de risco detectados.

"São alunos que os professores repararam que já estariam a evidenciar alguns comportamentos preocupantes, relacionados com consumos de álcool, tabaco e drogas, e foi uma forma de envolve-los e responsabiliza-los", explicou Joana Sousa, técnica de reforço da CPCJ de Ponte de Lima, referindo que, além da secundária local, outras escolas estão a desenvolver "grupos de debate também constituídos por alunos".

"Temos verificado no trabalho da comissão, que na grande maioria dos processos, as problemáticas que chegam aqui não são o alcoolismo, mas quando vamos avaliar a situação verificamos que na génese do problema está o consumo excessivo de álcool de algum dos familiares", justifica Joana Sousa, acrescentando que sendo este problema "transversal" à grande maioria de casos de famílias de risco, identificados pela CPCJ, há, pelo menos, "150" crianças e jovens afectados.

Negligencias várias e graves que decorrem de alcoolismo, violência doméstica, física e psicológica, são segundo a mesma responsável, a tipologia de processos a que a CCPJ está a dar resposta. Paralelamente, os técnicos da comissão desenvolvem no terreno a referida campanha de sensibilização que tem como objectivo principal a prevenção. "Tentamos chegar aos pais através dos filhos, porque temos verificado que as crianças e os jovens identificam muito mais rapidamente o problema. Eles próprios admitem que as coisas acontecem quando o pai ou mãe estão alcoolizados", conclui Joana Sousa.