Alfredo Maia, in Jornal de Notícias
Número de camas cresceu 22% em seis meses e número de utentes referenciados subiu 48%.
A Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) de Saúde recebeu 12 555 novos utentes no primeiro semestre deste ano, aumentando em 48% o número de referenciados e em 22% a capacidade contratada.
Segundo o relatório da monitorização do desenvolvimento daquela rede, implementada em 2006, no final de Junho havia 3498 camas contratadas com 179 prestadores em vários graus de cuidados que implicam internamento. O crescimento mais importante (31%) verificou-se nas unidades de longa duração e manutenção, que passou para 1742 camas (417 novas).
Mais de metade (51%) das camas contratadas são garantidas por misericórdias, enquanto a oferta privada responde por um quarto, as instituições particulares de solidariedade social por 15% e o Serviço Nacional de Saúde por 9%. Além do internamento, a rede assegura o apoio domiciliário a três mil utentes, através de 85 equipas (mais 16%) dos centros de saúde.
O documento indica que estão assegurados 67% (6136) dos 9223 lugares (internamento e apoio ao domicílio) previstos para o final deste ano. O destaque da taxa de execução vai para as unidades de média duração e reabilitação, nas quais já foram criados 81% dos 1349 lugares previstos.
No oprimeiro semestre, a RNCCI assistiu 13 543 utentes e tinha referenciado 38 777, mais 48% do que os 26 222 registados no final de 2008. Mais de um quarto (26,9%) foi referenciado para convalescença; 24,9% para internamento de longa duração e manutenção; e 24,6% para média duração e reabilitação.
O objectivo da Unidade de Missão dos Cuidados Continuados Integrados é a cobertura, até 2016, de 80% das necessidades da população portuguesa em situação de dependência. A sua coordenadora, Inês Guerreiro, disse ao JN 21% das pessoas com mais de 65 anos já estão cobertas, admitindo poder ser possível a pretensão do Governo de antecipar a meta para 2013. "Manter a velocidade da primeira fase não é fácil, mas os prestadores de cuidados estão mais preparados, os profissionais estão motivados e há projectos para mais nove mil camas até 2012".
Os utentes da rede são referenciados por equipas de gestão de altas em hospitais, a fim de garantir que, uma vez tratados dos sintomas agudos da doença, tenham assegurada a continuação de cuidados planeados e a sua reabilitação.
O principal motivo para o encaminhamento para convalescença é a necessidade de continuação de cuidados de saúde (74% dos utentes), seguindo-se dependência em actividades da vida diária (69%). Este motivo é igualmente maioritário nos internamentos de média duração (57%) e nos de longa duração (74%).
Do relatório, ressalta a diminuição generalizada do número de dias de internamento: de 135,6 para 107,2 dias nas de longa duração e manutenção; de 86,6 para 69,4 nas de média duração; e de 34,8 para 32,2 nas de convalescença.
Na avaliação qualitativa, sublinha-se a evolução da autonomia. Numa amostra de 2.454 utentes no primeiro semestre, verificou-se uma diminuição de 37% de incapazes e o aumento de 109% de autónomos e de 199% de independentes (ver "caixa").
Os óbitos em unidade de internamento representam 17% dos utentes saídos. Destes, acrescenta o relatório, "8% verificaram-se nos primeiros dez dias de internamento, o que poderá indiciar uma referenciação inadequada, em que os doentes não se encontram em situação clínica estável".