30.9.09

Dezoito em cada 100 pessoas são pobres

Célia Marques Azevedo, in Jornal de Notícias

Portugal tem 18% da população em risco de pobreza. A disparidade "persistente" nos salários alimenta as diferenças sociais que atingem sobretudo os jovens, as mulheres, os desempregados, mas também os assalariados.

Um relatório sobre a dimensão social do crescimento e a estratégia para o emprego da Comissão Europeia mostra que, em 2008, os 20% de portugueses mais ricos ganhavam seis vezes mais que os 20% mais pobres.

Em 2007, Portugal registava a mais alta taxa de pobreza material (22%)da União Europeia de 15 países. Um em cada 22 portugueses não teve acesso, por falta de rendimento, a algum bem essencial, como a alimentação ou a habitação. Em termos comunitários, a privação relativa a bens primários chegou aos 17%.

O documento comunitário pretende analisar, desde o início do decénio, o impacto do crescimento e emprego sobre a protecção dos mais vulneráveis e a redução da pobreza. Sobre Portugal, nota que houve uma diminuição da pobreza de 21% para 18%, entre 2000 e 2008, "devido aos subsídios sociais" como o rendimento social de inserção. Subtraídos os apoios sociais, Bruxelas estima que o número de pobres em Portugal poderia chegar aos 24%.

O risco de pobreza "é elevado" nos grupos "vulneráveis", como os desempregados, os jovens e as mulheres, mas também para 12% da população activa que, no ano passado, recebia menos de 60% do rendimento médio nacional. Em termos europeus, o valor relativo de pessoas no limiar da pobreza estagnou nos 17%. Um especialista comunitário explicava, ontem, que a imutabilidade do valor ao longo dos últimos anos deve-se, sobretudo, "a um grupo de pessoas que não consegue entrar no mercado de trabalho" e que "não é abrangido por políticas sociais de emprego" e aponta como exemplo lares onde nenhum adulto trabalha. A "inclusão activa não funcionou tão bem quanto devia", afirmou.