in Jornal Público
Autarca considera que, se não tivesse havido esta criação de postos de trabalho, o concelho não teria "20 mil desempregados", mas 50 ou 60 mil
O presidente da Câmara de Gaia, Luís Filipe Menezes, afirmou ontem que o concelho reunia condições históricas para ter um número de desempregados ainda maior do que tem e que é o mais elevado do país. "Temos 20 mil, mas podíamos ter 50 ou 60 mil", disse Luís Filipe Menezes, a propósito da inauguração do centro de incubação de empresas de base tecnológica Inova.Gaia, em São Félix da Marinha. Segundo o autarca, o actual número de desempregados só não triplicou por uma razão: "Tivemos a criação de milhares de postos de trabalho que contrabalançaram [o aumento do desemprego]."
Menezes lembrou que Gaia é o terceiro município do país em termos de população, a seguir a Lisboa e a Sintra, mas tinha muito mais empresas dependentes de mão-de-obra intensiva, que desapareceram, vítimas da globalização. "Aqui havia espaço para empresas de mão-de-obra intensiva, nomeadamente na área têxtil e do calçado, e o desemprego que temos é o da globalização." O presidente da Câmara de Gaia reconhece que o mesmo não se passa na capital do país. "Lisboa está imune à crise porque lá não há empresas, há Estado, e porque o Estado não manda ninguém embora", justificou.
À volta do centro de incubação Inova.Gaia está a surgir um parque empresarial e Menezes garantiu que já há empresas interessadas em transferir-se para lá. "Temos algumas empresas com acordos para aqui se instalarem, como é o caso da Tegopi", revelou, acrescentando que esta "deslocalização" é duplamente benéfica, já que o terreno que a Tegopi libertar irá permitir requalificar uma parte do centro da cidade. Por outro lado, a câmara irá dinamizar mais dois parques empresariais, em Sandim e Perosinho, e um deles será vocacionado - conforme referiu - "para empresas que estão indevidamente localizadas no tecido urbano e que não conseguem funcionar".
O centro de incubação Inova.Gaia é uma parceira público-privada com capacidade para 28 empresas. Ocupa uma área total de 3253 metros quadrados e custou quatro milhões de euros; cerca de três milhões obtidos através de fundos comunitários e o restante a partir dos associados. Neste momento, dispõe já de 18 empresas nas áreas de construção e reabilitação urbana, energia, ambiente e tecnologias do mar. Para além da Câmara de Gaia e das Universidades do Porto e de Aveiro, entre os associados do Inova.Gaia encontram-se empresas como a Mota-Engil, Soares da Costa e Salvador Caetano.