Por António Marujo, in Jornal Público
Só falta decisão final do Conselho de Ministros; hoje abre em Lisboa representação diplomática do Imamato Ismaili
O Conselho de Ministros deverá aprovar em breve a criação do primeiro banco exclusivamente dedicado ao microcrédito. O representante da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento em Portugal, Nazim Ahmad, disse ontem ao PÚBLICO que tem informações segundo as quais o Banco de Portugal já deu luz verde ao projecto e que o Governo poderá aprová-lo ainda nesta legislatura.
Esta notícia surge no dia em que abre em Lisboa a representação diplomática do Imamato Ismaili, a primeira na Europa e a segunda no mundo ocidental. Este organismo representa as instituições do Aga Khan, líder espiritual dos muçulmanos xiitas.
Depois do Centro Ismaili também existente em Lisboa, a nova representação diplomática possibilitará o alargamento da acção da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento (AKDN, da sigla em inglês) em Portugal. Uma das primeiras iniciativas será a criação de uma academia de excelência, para a qual decorrem ainda conversações sobre terrenos para a sua localização.
Seixal, Oeiras e Lisboa são, para já, os concelhos onde a academia poderá ficar instalada. "Assim que a decisão sobre o terreno seja tomada, nós apresentaremos um projecto para iniciar a construção", diz Nazim Ahmad. Nesta escola, os alunos poderão estudar independentemente das possibilidades económicas.
A nova representação diplomática permitirá ainda estabelecer em Portugal delegações de várias agências da AKDN. É o caso do Fundo Aga Khan para a Cultura e do Fundo Aga Khan para o Desenvolvimento Económico.
"A AKDN está para ficar", diz Nazim Ahmad. Depois do acordo de Dezembro de 2005 entre o Imamato e o Estado português, a Rede Aga Khan já estabeleceu vários programas sociais em Portugal e conta neste momento com 200 funcionários. Só no último mês foram contratadas 50 pessoas. Um dos programas mais conhecidos é o K"Cidade, que envolve parcerias com o Ministério da Solidariedade, o Patriarcado de Lisboa e as câmaras de Lisboa e Sintra. Dirigido a famílias carenciadas, o programa destina-se a 25 mil pessoas, nomeadamente imigrantes e minorias étnicas.
Em Moçambique, a AKDN-Portugal apoia actualmente 125 mil famílias, sobretudo no Norte do país.