Francisco de Almeida Fernandes, in Expresso
Considerada benigna pela generalidade da população, a infeção sazonal apresenta um risco superior entre as pessoas com mais de 65 anos e doentes crónicos. Prevenção deve ser, defendem sociedades médicas, prioridade. Este será um dos temas em discussão no Flu Summit 2023, na próxima terça-feira, 7, com transmissão em direto no Facebook do Expresso a partir das 14h30
Mais do que uma infeção passageira e que pode obrigar a alguns dias de repouso, a gripe apresenta riscos acrescidos entre os mais idosos. Segundo Sofia Duque, coordenadora do Núcleo de Estudos de Geriatria da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, a doença pode ser, para a população idosa mais vulnerável, “o gatilho para uma deterioração importante da capacidade de fazerem a sua vida diária”. Em causa estão consequências como a desidratação, má nutrição, incontinência do esfíncter ou mesmo perda de capacidade cognitiva.
A prevenção, defende, é particularmente relevante entre este grupo. De acordo com os dados do Vacinómetro – projeto da Sociedade Portuguesa de Pneumologia e da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, com apoio da Sanofi -, na atual época gripal foram vacinadas 83,2% das pessoas com mais de 65 anos, cumprindo a meta de 75% proposta pela Organização Mundial da Saúde. “O povo português é dos povos que mais aceita as vacinas”, esclarece Manuel Carrageta.
“As pessoas idosas têm sintomas atípicos e estes casos são subdiagnosticados. A dimensão do problema é muito maior do que se julga”, aponta Manuel Carrageta
O presidente da Sociedade Portuguesa de Geriatria e Gerontologia (SPGG) considera que, além do desconhecimento da população sobre os riscos agravados da gripe, existe uma “subnotificação” dos casos de infeção em Portugal. “As pessoas idosas têm sintomas atípicos e estes casos são subdiagnosticados. A dimensão do problema é muito maior do que se julga”, acrescenta. Para lá dos impactos na autonomia dos mais idosos, a doença pode ter complicações como a pneumonia, que pode ser fatal, ou até mesmo relacionadas com episódios cardiovasculares.
60.000
Número de europeus que, anualmente, perde a vida em resultado da gripe, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde
O estudo BARI – Burden of Acute Respiratory Infections, que analisou as épocas gripais entre 2008 e 2019, evidencia a relação entre a gripe e os internamentos por doença respiratória ou cardiovascular. “Na altura dos picos da gripe, as unidades coronárias enchem-se de doentes com enfarte do miocárdio”, exemplifica Manuel Carrageta. “Sabemos que a utilização de vacinas mais efetivas, nesses casos, tem um potencial para salvar centenas de vidas em Portugal”, acrescenta, em referência às opções de dose reforçada que começaram a ser implementadas no país na época 2022/2023. Porém, realça, esta arma preventiva só está disponível para pessoas institucionalizadas. “Não é viver numa instituição que determina o risco de a pessoa ter gripe”, critica Sofia Duque, que defende que os grupos mais vulneráveis devem ter acesso igual às melhores tecnologias disponíveis.
A análise do primeiro ano de aplicação da vacina antigripal quadrivalente de dose reforçada será um dos temas em debate no Flu Summit 2023, um evento organizado pela Sanofi e ao qual o Expresso se volta a associar. O evento, que decorre na próxima terça-feira, 7, vai contar com a presença de especialistas e representantes das principais sociedades médicas nacionais. Consulte, abaixo, os detalhes da iniciativa.
FLU SUMMIT 2023
O que é
“Unidos além da gripe” é o tema da edição deste ano do Flu Summit, uma iniciativa para a sensibilização do impacto da infeção nas populações mais vulneráveis e que pretende debater as estratégias fundamentais para uma saúde mais sustentável. Participam especialistas em várias áreas da medicina, bem como representantes de instituições de saúde públicas e das principais sociedades médicas nacionais. A agenda prevê a discussão sobre o impacto da gripe no Serviço Nacional de Saúde e nos grupos mais vulneráveis, sobre as recomendações das sociedades médicas e, ainda, sobre a primeira época de aplicação da nova vacina disponível.
Quando, onde e a que horas?
Terça-feira, dia 7, a partir das 14h30, com transmissão no Facebook do Expresso
Quem são os oradores?
Helena Freitas, diretora geral da Sanofi;
Filipe Froes, pneumologista no Hospital Pulido Valente;
Carlos Robalo Cordeiro, diretor do Serviço de Pneumologia do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra;
Tor Biering-Sørensen, director do Center for Translational Cardiology and Pragmatic Randomized Trials em Copenhaga;
António Morais, Sociedade Portuguesa de Pneumologia;
Bruno Almeida, Sociedade Portuguesa de Diabetologia;
Paulo Almeida, Sociedade Portuguesa de Medicina Interna;
Ana Teresa Timóteo, Sociedade Portuguesa de Cardiologia;
Manuel Carrageta, Sociedade Portuguesa de Geriatria e Gerontologia;
Joaquim Oliveira, Sociedade Portuguesa de Doenças Infecciosas e Microbiologia Clínica;
António Tavares, Santa Casa da Misericórdia do Porto;
Coronel Penha Gonçalves, Task-force de vacinação;
Gonçalo Sarmento, especialista em Medicina Interna;
Isabel Saraiva, Associação Respira;
Graça Freitas, Direção Geral da Saúde (por confirmar);
António Maló de Abreu, Comissão Parlamentar da Saúde;
Manuel Pizarro, Ministro da Saúde (por confirmar).
Porque é que este evento é importante?
Os riscos acrescidos da gripe em populações consideradas mais vulneráveis, como idosos acima dos 65 anos e doentes crónicos, podem resultar em internamentos hospitalares associados a episódios respiratórios e cardiovasculares. Prevenir é importante para evitar mortes e doença aguda, assim como para diminuir a sobrecarga dos serviços de saúde em Portugal.
Como posso ver?
Simples, clicando AQUI