1.3.23

Há um ano o mundo nunca mais foi o mesmo

António Cerca Martins, in Diário as Beiras

Foi há um ano que a guerra na Ucrânia começou. A 24 de fevereiro de 2022, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou “operação militar especial” para “desmilitarizar e desnazificar” a Ucrânia.
Desde então, o Mundo mudou. A economia mundial abrandou, as tensões políticas entre os países aumentaram, bem como a tensão militar e nuclear. A Rússia está mais isolada, mas é a Ucrânia que tem um país destruído.

Segundo dados da ONU, a guerra na Ucrânia já vitimou mais de oito mil civis. Donetsk é, por larga margem, a região há um maior número de civis mortos (3.800), seguida por Kharkov (924 mortos) e Kiev e arredores (955 mortos).

O Alto-Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, assumiu, no entanto, que “os dados são apenas a ponta do iceberg numa guerra cujo custo para os civis é insuportável”.

Maior crise de refugiados desde a segunda guerra

Não só as vítimas mortais e os feridos sofreram com a guerra. A ONU revelou que, desde a segunda guerra mundial, que não havia uma crise de refugiados com esta escala.
A guerra já forçou mais de oito milhões de pessoas a abandonar a Ucrânia. Houve ainda cinco milhões de pessoas que mudaram de localidade dentro da Ucrânia.
Entre os países que receberam os refugiados da guerra, a Polónia é, segundo a ONU, o país que mais ucranianos acolheu. Estima-se que se fixaram território polaco mais de um milhão de ucranianos.
Também as forças russas afirmam ter recebido “pelo menos” cinco milhões de ucranianos.

56 mil proteções temporárias em Portugal

No início do ano, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) Portugal atribuiu quase 56.600 proteções temporárias a pessoas que fugiram da guerra na Ucrânia. Sendo que cerca de um quarto foram concedidas a menores.

O SEF revela também que comunicou ao Ministério Público a situação de 737 menores ucranianos que chegaram a Portugal sem os pais ou representantes legais.

Economia de rastos

Outro dos efeitos nefastos que a guerra trouxe foi a destruição da economia. Além das cidades destruídas, cujo valor dos danos ascende, segundo a Escola de Economia de Kiev, a 129 mil milhões de euros, o PIB do país diminui, no ano passado, 32 por cento.

O primeiro-ministro ucraniano Denys Shmygal disse, no início de fevereiro, que a guerra causou até agora entre 550 e 690 mil milhões de euros de prejuízos no país.

O resto do mundo também sofreu efeitos colaterais da guerra na Ucrânia.

Os preços dos produtos dos bens de primeira necessidade, tal como a energia, subiram em 2022 como há muito não se via.

As economias dos países também abrandaram e a incerteza no futuro continua.
O Índice de Incerteza Mundial do Fundo Monetário Internacional mostra que, embora os níveis de incerteza a nível global tenham caído em dezembro, permanecem elevados, com a invasão russa da Ucrânia a continuar a ser o fator dominante.

Efeitos políticos

Em termos políticos muitos países entraram em jogo para tentar apaziguar ou resolver a invasão russa.
Na Europa, o conflito suscitou preocupações relativamente à capacidade do continente para se defender, mas os países têm dado apoio militar aos ucranianos. O apoio à Ucrânia tem sido gerido com muito cuidado, face à dependência que há muito existe da energia russa.

Já União Europeia tem condenado a agressão militar da Rússia contra a Ucrânia, tendo não só fornecido dinheiro para fazer face às consequências humanitárias, como sancionou economicamente a Rússia pela invasão.

Os Estados Unidos da América (EUA) têm sido uma posição forte de apoio ao governo ucraniano. No inicio da semana Joe Biden visitou Kiev e Volodymyr Zelensky agradeceu-lhe por liderar o apoio prestado à Ucrânia. Os EUA têm fornecido material bélico aos ucranianos e sancionado economicamente a Rússia.

Em contrapartida, a China tem apoiado a ofensiva russa. O ministro chinês dos Negócios Estrangeiros afirmou em outubro que a China apoia o lado russo” para “superar as dificuldades e eliminar a interferência externa”.


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