2.9.07

Dar voz aos feminismos como corrente de pensamento e acção

in Jornal de Notícias

Maria José Magalhães afirma que o congresso pretende combater a discriminação sobre as mulheres


Dar visibilidade aos feminismos como uma corrente plural de pensamento e de acção na sociedade portuguesa, envolver diversos sectores sociais, culturais, associativos e políticos de forma a que os feminismos se projectem para além das universidades são, alguns dos objectivos do 3º Congresso Internacional Feminista que se realizará em Junho do próximo ano, na Fundação Gulbenkian, em Lisboa.

De acordo com a professora universitária e investigadora Maria José Magalhães, da Comissão Organizadora, a realização deste congresso pretende "possibilitar o debate e a expressão de novas formas de intervenção artísticas e comunicacionais, em torno de novas áreas que envolvam o diálogo intermulticultural entre uma multiplicidade de actores sociais".

O 3ºCongresso realizar-se-á em 2008, precisamente no ano em que se celebram os 80 anos do último Congresso Feminista e da Educação, organizado pelo Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, cabendo, na altura,a intervenção de abertura a Elina Guimarães.

A verdade é que a a chamada "memória histórica" do feminismo foi-se apagando ao longo da década de 50 e a expressão "feminismo" acabaria mesmo por deixar de fazer parte do vocabulário político. Contudo, e segundo Maria José Magalhães, a vitória do "sim" no último referendo sobre a despenalização do aborto proporcionou uma nova etapa às mulheres em Portugal, "enquanto uma das dimensões importantes na determinação dos nossos destinos como mulheres".

Mas para a investigadora e também vice-presidente da UMAR (União das Mulheres Alternativa e Resposta), uma das instituições envolvidas na organização desta iniciativa, o próximo Congresso Feminista justifica-se, "porque ainda se verificam muitas injustiças e discriminações sobre as mulheres, fundamentalmente no acesso ao emprego por parte das jovens que são preteridas face aos homens mesmo com melhores médias e mais formação; no acesso a cargos de chefia, ainda que com maior curriculum ou mérito; no acesso aos lugares de topo na política; na aplicação dos direitos de maternidade, sobretudo no caso das profissões das classes trabalhadoras e nas de carreiras das classes mais eruditas, como as académicas, gestoras empresariais, entre outras".

Apesar de estar em fase de preparação, sabe-se que a comissão promotora integrará diversas personalidades, nomeadamente Lígia Amâncio, Ana Sara Brito, Irene Ramalho de Sousa Santos, Lídia Jorge, Manuela Tavares, Duarte Vilar, Elizabete Brasil e Fernanda Henrique, Helena Araújo , Virgínia Ferreira e Miguel Vale de Almeida.