13.2.08

Casamos menos, mais velhos e continuamos aflitos com dívidas

Miguel Gaspar, in Jornal de Notícias

Casamentos católicos em queda livre entre o ano 2000 e 2006, realizaram-se menos 39,6%


Cada vez mais aflitos com o endividamento e com um número maior de contratos precários de trabalho, o quadro social evolutivo dos portugueses levou, entre 2000 e 2006, a uma diminuição drástica no número de casamentos menos 25%. Os Indicadores Sociais foram ontem divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

A diminuição de 1/4 no número de matrimónios é atribuída exclusivamente à redução dos casamentos católicos (39,6%). Por outro lado, os indicadores apontam para um aumento de 2,1% nos casamentos civis. Subida acentuada ocorreu nos casamentos em que o casal já vivia junto, cuja percentagem dobrou entre 2000 e 2006 de 13,3 para 26,6%. No meio de tudo isto, estamos a casar cada vez mais velhos: nos homens, a idade média passou dos 27,5 anos para os 29,1 anos, aumento comum às mulheres (de 25,7 para 27,5 anos). E estamos, também, a ter mais filhos fora do casamento: em 2000 eram 22,2%; em 2006 foram 31,6%. Regista-se igualmente uma subida na idade média em que as mães tiveram o primeiro filho, que passou de 26,5 para 28,1 anos.

Mais contratados a prazo

Estes dados sociais têm uma relação contextual com outros indicadores de nível económico. Em 2006, ano em que o endividamento de particulares atingiu 124% do seu rendimento disponível, Portugal tinha preços de electricidade e gás mais caros do que a média na União Europeia (24,4% e 37,5%, respectivamente). A forma contratual de trabalho dos portugueses também não teve evolução positiva entre 2000 e 2006 o número de contratos com termo (a prazo) aumentou 23,7%, enquanto os contratos sem termo só subiram 6%.

Custo da educação dispara

Enquanto isso, no período de sete anos analisado pelo INE, o preço dos bens e serviços de Educação aumentou drasticamente (44,5%), representando a subida mais relevante no Índice de Preços ao Consumidor. Por comparação, o aumento no preço do tabaco e bebidas alcoólicas notou-se menos (aumentos de 34%). A subida foi semelhante naquilo que pagamos nos transportes públicos mais 32,7% em sete anos.

Mais crimes, mais álcool

Neste quadro social, os portugueses estão a cometer mais crimes, com o número de ilícitos registado pelas autoridades a aumentar 10,2% no período em análise. Por tipo, dispararam os crimes concretizados contra o património, que quase duplicaram (89,9%), seguidos dos previstos em legislação penal avulsa (44,6%), contra vida em sociedade (21,9%) e contra as pessoas (16,2%). Quanto à condução sob efeito de álcool com taxa 1,2 gramas por litro de sangue - que implica detenção -, houve um agravamento de 1,7% no número de casos (cerca de 20 mil) entre 2005 e 2006, depois de um decréscimo nos dois anos anteriores.

Dos poucos dados de evolução positiva, há duas saliências diminuiu a taxa de mortalidade infantil (5,5 em cada mil no ano 2000 para 3,3 em cada mil registados em 2006); diminui também a taxa de pobreza (menos 2% entre 2004 e 2006), mas continuamos a ter 18% de pobres.