in Jornal Público
Lurdes Rodrigues garante que o lugar dos professores não está em risco. Sindicatos preocupados. Pais aplaudem medidas propostas. Revisão concluída em Março
O Governo vai alargar ao 2.º ciclo o conceito de "escola a tempo inteiro", tal como já acontece no 1.º ciclo. A intenção é reorganizar o horário e o currículo, nomeadamente através da concentração de disciplinas, rementendo para o fim do dia as actividades de enriquecimento curricular ligadas às expressões e ao Estudo Acompanhado.
"Concentrar na parte lectiva o essencial das actividades associadas à aquisição de competências básicas" é o que Maria de Lurdes Rodrigues defende. A Língua Portuguesa e a Matemática podem sair "reforçadas nesta outra forma de organização de actividade docente e da actividade dos alunos, nomeadamente em termos de carga horária", adianta, referindo que haverá também reforço do Estudo Acompanhado.
Até Março, a revisão do currículo do 2.º ciclo estará concluída. A tutela quer ainda concentrar algumas disciplinas para reduzir o número de docentes a leccionar em cada turma. Contudo, a ministra salvaguarda que "não há redução do número de professores". "Pode até reduzir-se o número de disciplinas sem se reduzir o número de professores", diz.
Além da concentração de áreas disciplinares, o Governo vai reorganizar o horário dos alunos dos 5.º e 6.º anos, preparando-se para pôr em prática um modelo semelhante ao do 1.º ciclo. Ou seja, a "escola a tempo inteiro", o prolongamento do horário até às 17h30, estipulando que actividades como Música, Desporto, Expressões ou Inglês sejam dadas apenas na parte da tarde, fora do currículo.
O modelo será gerido pelas escolas, ao contrário do que sucede no 1.º ciclo, onde são as autarquias e as associações de pais a assegurar essas actividades.
Nesse sentido, a governante diz que o executivo socialista continuará a apoiar financeiramente as instituições de solidariedade social (IPSS) e Misericórdias que queiram reorientar o serviço de actividades de tempos livres para assegurar a ocupação dos alunos antes e depois das aulas começarem.
A ministra desvaloriza, assim, o alerta feito por estas instituições, que afirmam não ter capacidade para garantir esse serviço com a diminuição de financiamento instituída pelo Governo, considerando que, se as IPSS e Misericórdias "não estiverem disponíveis, haverá seguramente outras instituições que o
prestarão".
"O modelo de financiamento é muito, muito atractivo, pelo que não vejo nenhuma razão para essas instituições descontinuarem o serviço que prestam. Não é do lado do Governo que há ruptura. O Governo apoiou e continuará a apoiar todas as instituições que estejam disponíveis para o esforço de apoio às famílias", conclui. Lusa