13.2.08

Imigrantes da Europa regressam porque Portugal está mais caro

Céu Neves, in Diário de Notícias

O custo de vida do País deixou de atrair os estrangeiros do Norte


O ano de 2007 foi aquele em que mais estrangeiros do Norte da Europa deixaram Portugal nos últimos 20 anos. Fazem-no porque o custo de vida aumentou, dizem que faltam lares especializados e confiam mais no sistema de saúde do país de origem. A quarta causa de regresso é a morte do parceiro, conclui um estudo do The Portugal News, ontem divulgado.

Vivem 260 mil estrangeiros da Europa do Norte (Inglaterra, Alemanha) em Portugal, a maioria dos quais está no Algarve. Uma das razões porque escolheram Portugal foi o baixo custo de vida. Mas a situação está a mudar, conclui o estudo anual do The Portugal News, jornal em inglês destinado à comunidade. Inquiriram 800 imigrantes, 43,3% dos quais têm entre 50 e 65 anos e 33% mais de 65.

"O custo de vida deixou de ser o factor de atracção passando agora a ser o estilo de vida", sublinham os autores do estudo . Só que este factor não atrai tantos estrangeiros como os preços baixos e a comunidade aumentou apenas 5%, metade do que estava previsto para 2007.

E para o comprovar a subida do custo de vida no País, o jornal comparou um cabaz com produtos comprados em Portugal e em Inglaterra. O inglês tem preços mais baixos.

Saúde

Os cidadãos mais velhos sentem desconfiança no sistema de saúde português, além de considerarem que não existem lares para as suas necessidades. E muitos decidem voltar às origens. A nível geral, 14,7% dos inquiridos considera que o Serviço Nacional de Saúde está mal e 27,6% não deram opinião, sendo de salientar que a maioria tem seguro de vida privado.

O regresso dos imigrantes mais velhos faz com que esteja a diminuir o nível etário desta comunidade. "O perfil do mercado estrangeiro está a mudar na direcção das camadas mais jovens. Os donos das empresas são agora muito mais jovens, 30,6% têm menos de 35 anos e 49,6 têm entre 35 e 50 anos". E têm mais poder de compra.

Educação

Mais de 60% dos filhos daqueles estrangeiros estão inscritos nas escolas portuguesas e o resultado, salienta Paul Luckman, director do jornal, com sede em Faro, "é uma nova geração de imigrantes mais integrada e que não se fica apenas pela aprendizagem da língua, mas que frequenta os estabelecimentos de ensino nacionais e se interessa pela cultura local".

Existem em Portugal 14 escolas internacionais reconhecidas a nível europeu, metade das quais se encontra no Algarve.

Política

Os nacionais do Norte da Europa já tiveram melhor opinião do Governo português. Há menos pessoas a considerar que a política de José Sócrates está a melhorar e mais a dizer que está a piorar, tendo aumentado o número de pessoas que considera que está "estável" (38,5% em 2007 contra 21,1% em 2006).

Já ao nível da burocracia, segundo o estudo, notaram algumas melhorias, o que é verdade para 17,5% dos estrangeiros que responderam ao questionário.