Por Ricardo Garcia, in Jornal Público
Passar um dia na prisão não é programa para ninguém. Ou não era, antes de ser lançado um projecto no qual jovens com problemas sociais conhecem a realidade atrás das grades. O premiado projecto dá resultado, com bem diz o aluno Miguel: "Eu não gosto de ser preso. Eu nunca mais vou andar em motas roubadas. Nem carros".
A história é relatada no livro Para Além da Prisão, do Ministério da Justiça, que reúne 14 experiências de interacção da sociedade civil com os reclusos. É uma amostra do crescente número de acções do género nas 49 prisões do país. "Há dezenas de projectos", afirma Clara Albino, directora-geral dos Serviços Prisionais. Grande parte, diz esta responsável, é de iniciativa de organizações da sociedade civil.
Lançado hoje numa cerimónia em Lisboa, o livro conta um pouco de cada projecto através de fotografias e testemunhos. Há a Ala dos Afinados, um coro do estabelecimento prisional do Porto, fomentado pela Casa da Música. Há o atelier de costura da prisão de Tires, que faz parcerias com designers e empresários portugueses. Há o projecto DVD, da Zon Lusomundo, com projecção e debate de filmes.
Em muitas cadeias, organizações públicas e privadas estão a dinamizar actividades de formação profissional, com vista à reintegração do recluso.
Clara Albino afirma que a concretização do voluntariado nas prisões em acções práticas que reaproximam o recluso da sociedade é a principal marca dos projectos que têm vindo a surgir.