7.9.09

Norte tem a menor taxa de mortalidade infantil

Inês Shreck, in Jornal de Notícias

No ano passado morreram menos 60 crianças até um ano de idade do que em 2004


O Norte registou, em 2008, a taxa de mortalidade infantil mais baixa de Portugal continental. Por cada mil crianças até um ano de idade, morreram 2,5. Foi também a região que conseguiu a melhor evolução nos últimos anos.

Em 2004, a Região Norte apresentava uma taxa de mortalidade infantil de 4,1, que a posicionava acima das regiões Centro (3,0) e de Lisboa e Vale do Tejo (3,7). A descida começou em 2005 e foi evoluindo gradualmente até 2008. Em números absolutos, esta diminuição significa que, no ano passado, houve menos 60 óbitos infantis do que em 2004.

Dentro da região, os valores mais significativos são os registados no distrito do Porto. Em quatro anos a taxa de mortalidade infantil desceu de 4,9, em 2004, para 3,3, em 2008, o que significa menos 43 óbitos infantis no ano passado. Braga é a sub-região com o índice mais baixo: 1,5 óbitos por cada mil nascimentos.

No país, a taxa de mortalidade infantil desceu dos 3,7 para os 3,3, situando-se entre os melhores da Europa, à frente de países como a Suíça, o Reino Unido ou a Dinamarca. Em números absolutos, em Portugal continental registaram-se, em 2008, menos 64 mortes infantis do que em 2004, um número claramente influenciado pelos valores conseguidos na Região Norte. Melhor só a Região Autónoma da Madeira, que apresentou, em 2008, uma taxa de mortalidade infantil de 1,1.

Para Fernando Araújo, vice-presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte , os números da região são um reflexo de um conjunto de medidas tomadas nos últimos anos. E podem melhorar muito com o futuro Centro Materno-Infantil do Norte, cuja construção deverá arrancar ainda este ano para entrar em funcionamento em 2011.

"Vamos ter melhores condições físicas, profissionais mais motivados que podem fazer medicina mais segura e mais humanizada. Não tenho dúvidas de que os resultados vão melhorar ainda mais", prevê Fernando Araújo.

Por enquanto, os indicadores "são muito satisfatórios" e devem ser analisados como um resultado da política materno-infantil implementada. Entre as medidas tomadas está o polémico encerramento de sete blocos de parto (Santo Tirso, Amarante, Barcelos, Mirandela, Oliveira de Azeméis e Lamego, durante o ano de 2006, e Chaves, no final de 2007).

"Nas sub-regiões de Bragança, Viana do Castelo e Porto, onde houve encerramentos, temos bons indicadores", analisa Fernando Araújo, referindo-se às taxas de mortalidade fetal, neonatal e infantil, todas em queda.

Para atingir esses valores, continua o vice-presidente da ARSN, contribuiram também as remodelações nas unidades materno-infantis de vários hospitais e a aposta no aumento da formação de médicos especialistas - "em 2005 até tivemos casos de urgências sem pediatras, ou sem obstetras", lembra - que começará a dar frutos no próximo ano e duplicará os efeitos em 2014.

Da mesma forma, a reorganização da prática clínica materno-infantil, com a aplicação de medidas como a disponibilização da analgesia epidural 24 horas por dia, a preparação da grávida para o parto, as visitas domiciliárias ao recém-nascido e à puérpera, as acções formativas sobre o aleitamento materno, a formação a bombeiros e INEM e a disponibilização de kits de parto nas ambulâncias também influenciaram os resultados.