27.1.10

Fórum Social Mundial está de novo em Porto Alegre à procura de novos caminhos para a esquerda

Por João Manuel Rocha, in Jornal Público

À procura de um novo rumo, o Fórum Social Mundial está esta semana de volta ao local onde começou: Porto Alegre, Brasil. Mais de 20 mil pessoas participam nos debates que se prolongam até sexta-feira, num encontro de movimentos sociais de esquerda que, há uma década, se assumiu como contraponto ao neoliberalismo e à globalização defendidos pelo Fórum Económico de Davos e agora reflecte sobre a sua própria identidade.

O regresso "a casa", depois de passagens por outras cidades e continentes, marca também o regresso de Lula da Silva, presença assídua nos primeiros encontros, antes de chegar à Presidência do Brasil. De Porto Alegre, onde se esperava que ontem à noite fizesse uma espécie de balanço dos seus governos, Lula devia seguir para Davos, Suíça, onde, depois de amanhã, é homenageado como estadista.

No primeiro dia do fórum, anteontem, milhares de pessoas desfilaram em solidariedade com o Haiti, para o qual pediram mais médicos e comida e o fim da "ocupação militar". Sob o lema Um outro mundo é possível, os activistas do Fórum, que teve a sua génese nas manifestações de 1999 contra a Organização Mundial do Comércio, em Seattle, EUA, enfrentam decisões cruciais. "Em 2001, éramos os únicos a dizer que a globalização não ia mudar o mundo. Agora temos que desafiar de forma mais contundente a cultura hegemónica do mercado", disse à AFP a activista italiana Rafaella Bolini.

No seio do movimento, não existe consenso sobre o futuro. Bernard Cassen, um dos fundadores, defende um maior envolvimento dos partidos, o que está longe de ser consensual. Segundo o correspondente do El País no Brasil, a principal discussão deve ser entre os que defendem a continuação de um movimento "puro" e os que reclamam uma mais activa participação de forças políticas. No fim-de-semana, em Salvador da Baía, decorre um encontro com partidos, designadamente o PT de Lula.

Os organizadores admitem como provável a presença dos presidentes da Bolívia, Evo Morales, Equador, Rafael Correa, e Paraguai, Fernando Lugo. A deslocação do venezuelano Hugo Chávez era até ontem uma incógnita.