22.1.10

ONU diz que 300 mil receberam ajuda alimentar no Haiti

in Jornal de Notícias

Mais de 300 mil pessoas receberam ajuda alimentar desde o sismo que devastou o Haiti, a 12 de Janeiro, mas a água que está a ser distribuída em vários pontos de Port-au-Prince nem sempre é da melhor qualidade.

Segundo dados da Agência das Nações Unidas para a Ajuda Humanitária (OCHA), o Programa Alimentar Mundial (PAM) entregou cerca de três milhões de rações de alimentos a mais de 200 mil pessoas (à razão de três rações por dia e pessoa para cinco dias).

Outras cem mil pessoas receberam ajuda alimentar de outras organizações.

Apesar destes números, a ajuda continua a ser insuficiente, uma vez que a ONU estima haver dois milhões de pessoas que necessitam de comida.

O PAM assumiu como objectivo distribuir 10 milhões de rações alimentares na próxima semana, alcançando cerca de cem mil pessoas por dia.

Cerca de 150 aviões de ajuda humanitária aterram todos os dias no aeroporto de Port-au-Prince, mas o fluxo é constante e mil aviões esperam vez para poder aterrar com a sua carga.

O porto da capital haitiana já está operacional e pode receber diariamente 250 contentores, pretendendo chegar a 350 contentores diários a 25 de Janeiro.

Quinta-feira, em Port-au-Prince, filas de pessoas formaram-se frente aos bancos, que abriram as suas portas pela primeira vez desde o sismo.

Para lá da capital

As organizações humanitárias começaram a descentralizar a ajuda, levando-a a outras cidades do país, afectadas pelo sismo.

Segundo as últimas estimativas da OCHA, em Leogane, cidade portuária a 29 quilómetros da capital, onde 80 a 90 por cento dos edifícios ruíram, morreram entre cinco mil e dez mil pessoas, de uma população de 134 mil.

Em Petir Goave, cidade costeira, a 68 quilómetros de Port-au-Prince, os danos não foram tão graves, com cerca de 15 por cento de edifícios destruídos e 1.077 mortos, de uma população de 254 mil habitantes.

Relativamente a Gressier, Carrefour e Jacmel, na área metropolitana de Port-au-Prince, todas com 40 a 60 por cento de destruição de edifícios, não existem estimativas de vítimas mortais.

Em Port-au-Prince, terão morrido, segundo dados do Governo haitiano, 75 mil pessoas, havendo 200 mil feridos, e mais de um milhão de deslocados.

Ajuda bloqueada em estradas e pontes

A distribuição de ajuda humanitária no Haiti está retida em cerca de 691 “bloqueios” em estradas e pontes danificadas pelo sismo, segundo as Nações Unidas.

Fotografias por satélite permitiram à ONU constatar que o sismo provocou “691 bloqueios ligados à destruição de pontes ou estradas e edifícios que ruíram”, disse a porta-voz em Genebra do Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU (OCHA), Elisabeth Byrs.

Pelo menos 224 estradas estão cortadas, sublinhou.

“Isto mostra bem as dificuldades do Programa Alimentar Mundial, da Organização Mundial de Saúde, da UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e das ONG (organizações não governamentais) para levar ajuda” aos três milhões de pessoas afectadas pelo sismo, acrescentou a porta-voz.