in Jornal Público
Mirko Grga
Itália
"Sou cigano. Vivo num acampamento de ciganos nómadas. Temos um problema muito grave: os nossos filhos não são reconhecidos. Fazem a instrução primária e, depois, não podem ir para a escola. É como se não existissem, porque não têm documentos. Para se ter documentos é preciso ter-se autorização de residência. Para se ter autorização de residência, é preciso ter-se emprego. Ninguém nos dá emprego. Dizem: "Os ciganos não querem viver em casas." É mentira. Milhares de ciganos já pediram casa. Queremos ser reconhecidos - como minoria. Itália recusa-se a fazê-lo. Itália recusa-se a dar documentos aos nossos filhos."
Geneviève Baert
Bélgica
"Sou solteira. Estou desempregada. Tenho cinco filhos. Uma pessoa acorda de manhã a pensar: "O que vou fazer?; como vou aquecer a casa?; o que vou dar de comer aos meus filhos?" Creio que isto é humilhante para uma mãe. O custo da energia é tão elevado. Os impostos são tão altos. Ter uma máquina de lavar é um luxo. Dizem que os pobres não querem trabalhar, que os pobres querem é viver de subsídios. Queria trabalhar. Não tenho qualificações. Quem me vai contratar? Se me contratam, pagam-me muito pouco, tiram-me os subsídios e eu tenho de pagar infantário. E quem me substitui no trabalho em casa? E se os meus filhos ficam doentes? E se fico doente?"
Idriss Sadi
Espanha
"Sou estrangeiro. Sou magrebino. Moro em Espanha há 17 anos. Diziam-me muitas vezes que me tinha de integrar e eu não percebia o que queriam dizer com isso. Uns diziam-me que se me queria integrar tinha de esquecer o que era meu, o que era eu, tinha de acolher o que era dos espanhóis, o que eram os espanhóis. Isso não pode ser assim. Não se abre uma cabeça e se tira o que está lá dentro e se põe coisas novas. Outros tratavam-me como um "pobrezito". Agora, já sei o que é integração. Precisava de participar para me tornar visível."