in Jornal Público
Aos "velhos" destinos como França, Alemanha e Luxemburgo, somam-se o Reino Unido, Espanha e Angola
França
A emigração para França foi intensa entre 1965 e 1975 e continuou, nos anos seguintes, com processos de reunificação familiar. Em 2005, havia em França cerca de 500 mil portugueses. Os portugueses têm desempenhado maioritariamente tarefas pouco qualificadas. Hoje, mais de quatro em dez emigrantes portugueses são operários. Com a redução das saídas para aquele país, a comunidade portuguesa em França envelheceu.
Alemanha
A fase de grande emigração para a Alemanha deu-se em meados dos anos 1960, no contexto da reconstrução do pós-guerra. A partir de 1974, caiu abruptamente. Entre 1974 e 1987, o número total de portugueses na então RFA diminuiu de 122 mil para 69 mil. Com a liberdade de circulação no espaço europeu e a queda do Muro de Berlim, a emigração recomeçou, tendo os portugueses residentes na Alemanha aumentado em 27 mil indivíduos entre 1992 e 1995.
Luxemburgo
Os cerca de 80 mil portugueses residentes no Luxemburgo representam 16 por cento da população total e 37 por cento dos estrangeiros residentes no país. Os descendentes dos emigrantes dos anos 1960, parte dos quais optou pela nacionalidade luxemburguesa, representam hoje quase 30 por cento da população de origem portuguesa. Cerca de 90 por cento dos emigrados portugueses tinham apenas o ensino primário. Por isso, 60 por cento dos homens trabalhavam na construção e 70 por cento das mulheres nos serviços pessoais e de limpeza. Na nova geração, já nascida no Luxemburgo, só 23 por cento dos homens trabalham na construção e apenas nove por cento das mulheres nos serviços pessoais e de limpeza.
Suíça
A Suíça é o segundo destino da emigração portuguesa na Europa. Os portugueses, maioritariamente pouco qualificados, começaram a chegar nos anos 1980. Entre 1984 e 1992, entraram anualmente neste país mais de 13 mil portugueses. A partir de 1993, deu-se uma desaceleração rápida, havendo anos em que os retornos superaram as novas entradas. Entre 1997 e 2001, o número de entradas estagnou em torno das 5.000 por ano. A partir de então, houve uma retoma: em 2004, residiam no país mais de 120 mil portugueses, número que subiu para perto de 160 mil em 2009. A maioria trabalha nos sectores da construção, hotelaria e restauração.
Espanha
Em pouco mais de dez anos, os portugueses em Espanha triplicaram, passando de 50 mil na década de 1990 para mais de 140 mil em 2009. Até aos anos 1960, eram escassos os emigrantes portugueses em Espanha e a sua permanência resultava muitas vezes de percursos interrompidos para França ou Alemanha. No início deste século, iniciou-se uma nova fase da emigração, impulsionada pela procura de mão-de-obra na construção e obras públicas. Com origem no Norte e Centro de Portugal, chegaram a Espanha trabalhadores portugueses pouco qualificados. As estadas temporárias e a mobilidade regional têm um forte peso.
Reino Unido
Hoje vivem no Reino Unido cerca de 90 mil emigrantes portugueses. Nos anos 1960 e 1970, a presença portuguesa em Londres sentia-se mais na limpeza e serviço doméstico e, em menor grau, no pequeno comércio e restauração. Entre os novos emigrantes, os trabalhadores manuais da agricultura e indústrias alimentares misturam-se com os quadros altamente qualificados. O Reino Unido é, aliás, um dos destinos em que é maior o peso dos que têm qualificações escolares superiores. As mulheres representam 53 por cento do total.
EUA e Canadá
Nos EUA, vivem cerca de 210 mil emigrantes portugueses (no total, há 1,5 milhões de pessoas com origem portuguesa). Os portugueses têm, comparativamente com outras nacionalidades, baixos níveis de escolaridade. No Canadá, os emigrantes portugueses também são superiores a 210 mil (os canadianos de origem portuguesa são mais de 400 mil). Cerca de 90 por cento dos portugueses no Canadá entraram no país antes da década de 1990, destacando-se aqui os originários de São Miguel (Açores), sobretudo para trabalhar na agricultura e construção de caminhos-de-ferro. O fluxo abrandou na sequência da integração europeia.
Brasil e Venezuela
A emigração para o Brasil encontra-se hoje em acentuado declínio, tendo baixado até cerca de 213 mil (chegou a haver perto de 1,2 milhões de portugueses). Cerca de 70 por cento dos emigrantes chegaram ao país antes de 1960 e, em 2000, cerca de 46 por cento tinham 65 ou mais anos de idade. No Brasil, como na Venezuela, os pequenos negócios (comércio, restauração) têm forte peso entre os portugueses. No caso da Venezuela, a emigração portuguesa atingiu o valor máximo no início dos anos 1980, com 90 mil portugueses residentes, maioritariamente originários dos concelhos de Ílhavo (Aveiro) e da ilha da Madeira. Em 2008, com regressos e naturalizações, o número tinha baixado para os 53.500.
Angola
Angola somava 74.600 emigrantes portugueses em 2009 - em 2003, eram 21 mil. Angola é a excepção que confirma a concentração de emigrantes portugueses na Europa. Os especialistas não sabem ainda se este fluxo é temporário ou se a antiga colónia, que desde 2003 regista um crescimento do PIB da ordem dos 14 por cento, se afirmará na fixação de portugueses. As remessas dos portugueses em Angola atingiram os 103,5 milhões de euros (70,9 milhões de euros em 2008); as remessas de imigrantes angolanos em Portugal foram de 12,3 milhões de euros (13,1 milhões de euros em 2008).
FONTE: Atlas das Migrações Internacionais