19.11.10

Povo cigano deve ser uma prioridade da Igreja

José Carlos Patrício, in Agência Ecclesia

Tema vai ser abordado em Encontro Nacional, que decorre em Beja até ao dia 21
Para a Igreja Católica em Portugal, a comunidade cigana tem de ser, mais do que um mero projecto social, uma prioridade de evangelização, considera o director da Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos (ONPC), frei Sales Diniz.

O responsável falou à Agência ECCLESIA no dia em que começa o Encontro Nacional da Pastoral dos Ciganos, uma iniciativa que tem como objectivo reflectir sobre as experiências da realidade católica com as comunidades ciganas.

O programa do evento, que se realiza em Beja até 21 de Novembro, prevê a apresentação dos resultados do último encontro europeu dos directores nacionais da Pastoral dos Ciganos, que se realizou este ano em Roma, dedicado ao tema “Solicitude da Igreja com os ciganos: situação e perspectivas”.

“As conclusões desse encontro fornecem orientações muito concretas para uma pastoral dos ciganos que vá um pouco mais na linha da evangelização, porque tem sido feito um grande trabalho, ao nível da dimensão social, mas não podemos esquecer que temos também que trabalhar na Evangelização” aponta frei Francisco Sales Diniz.

O director da ONPC considera que a Igreja em Portugal, um pouco na linha do resto da sociedade, ainda padece de um certo preconceito na integração da comunidade cigana, algo que é visível, por exemplo, ao nível da falta de desenvolvimento de vocações sacerdotais e religiosas.

“Noutros países da Europa, existem um grande número de vocações, sacerdotais e religiosas, de etnia cigana, e Portugal não tem nenhuma. Nunca um cigano foi sacerdote ou religioso em Portugal, o que manifesta uma grande lacuna no trabalho pastoral da Igreja no nosso país”, sublinha o também director da Obra Católica Portuguesa de Migrações.

O sacerdote pede ainda um maior empenho, por parte das estruturas eclesiais, sobretudo das dioceses, “no apoio aos leigos que estão empenhados na promoção do povo cigano”.

Há ainda muitas barreiras a ultrapassar, para que o isolamento e a discriminação a que foi votada a comunidade cigana, ao longo dos séculos, sejam ultrapassados e o objectivo de integração possa ser uma realidade.

Uma mudança que, para frei Sales Diniz, deve partir não só da sociedade em geral, mas também da própria comunidade cigana, através de uma maior abertura ao mundo exterior.

Nesta matéria, olha com esperança para os jovens ciganos, “que compreenderam que, para sobreviverem têm de estudar, porque sem formação não conseguirão encontrar um lugar na sociedade. Penso que as próximas gerações já serão muito mais fáceis e essa integração será uma realidade”.

O Encontro Nacional da Pastoral dos Ciganos é acolhido pelo Centro Pastoral de Beja, entre os dias 19 de 21 de Novembro, contando com a participação de D. António Vitalino Dantas, presidente da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana e bispo local.