12.4.16

António Costa na Grécia: é necessária “mais Europa” para resolver situação dos migrantes

Fábio Monteiro, in "Expresso"

Estão previstos encontros formais do primeiro-ministro com o seu homólogo Alexis Tsipras e com o Presidente Prokópis Pavlópoulos. Costa vai ainda visitar um campo de refugiados de Eleonas, em Atenas

A crise migratória só se resolve com "mais Europa", diz António Costa em entrevista ao jornal grego "Ekathmerini". Esta segunda-feira, o primeiro-ministro português vai estar na Grécia. Estão previstos encontros formais com o primeiro-ministro Alexis Tsipras e com o Presidente grego Prokópis Pavlópoulos.

"Acreditamos que a solução para as nossas preocupações comuns que enfrentamos requer mais Europa e não menos Europa, e, nesse processo, não deve haver frentes de alguns países contra ou a favor de outros", diz António Costa ao "Ekathmerini."

Questionado sobre se o anúncio da intenção de Portugal receber mais migrantes do que os que tinha inicialmente previsto foi feito para obter uma maior margem negocial com a Europa, Costa negou que essa fosse a razão, dizendo que se trata da "coisa mais correta a fazer".

"A complexidade dos problemas que o mundo está a enfrentar não permite que Portugal, Grécia ou até a Alemanha abordá-los de forma unilateral ou isolada", afirma.

Esta é a primeira visita oficial de António Costa à Grécia. Durante o dia irá deslocar-se ao campo de refugiados de Eleonas, em Atenas. Numa visita que tem como tema central a questão dos refugiados e que resulta de um convite feito por Tsipras, Costa estará na capital grega acompanhado pelos ministros dos Negócios Estrangeiros Augusto Santos Silva e da Administração Interna Constança Urbano de Sousa.

Além de reuniões de carácter institucional com o Presidente e com o primeiro-ministro gregos, seguir-se-á uma conferência de imprensa conjunta com Alexis Tsipras. Ao início da tarde, Costa visitará o campo de refugiados de Eleonas, em Atenas, visita sugerida pelas autoridades gregas, tendo como razões principais questões de segurança e a proximidade face ao centro de Atenas, avança uma fonte do Executivo português.

De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), o campo de Eleonas, a cinco quilómetros do centro de Atenas, criado pelo atual executivo grego, é considerado um dos melhores do país.

Apesar de Portugal estar geograficamente distante das principais rotas dos refugiados, António Costa tem vindo a colocar desde o início do seu mandato este tema no topo das suas prioridades, no que à política europeia diz respeito. Em fevereiro, durante a sua visita oficial à Alemanha, disponibilizou-se junto da chanceler alemã Angela Merkel, no apoio à integração de refugiados. Nesse mesmo mês, o primeiro-ministro português enviou também cartas a homólogos de alguns dos Estados-membros mais pressionados pelos fluxos migratórios (Grécia, Itália, Áustria e Suécia) disponibilizando-se para receber mais cerca de 5800 refugiados, além da quota comunitária.

Deste modo, Portugal poderá vir a acolher, no total, um número próximo de 10 mil refugiados.